O Ibama usou de tecnicidades burocráticas para enganar os EUA para ajudar a liberar a entrada de madeira extraída ilegalmente no Brasil. As informações foram levantadas pela Polícia Federal em investigação que culminou com busca e apreensão nos endereços de Ricardo Salles. O site Antagonista informa que teve acesso exclusivo à decisão que motivou a operação policial.
Segundo a PF, as empresas Ebata Produtos Florestais, Teadelink Madeiras e Wizo Indústria Comércio e Exportação, junto com as associações Brasileira das Empresas Concessionárias Florestais e das Indústrias Exportadoras de Madeira no Pará, pressionaram a direção do Ibama para encontrar um meio de auxiliar na liberação de cargas ilegais retidas por autoridades dos EUA.
A tecnicidade burocrática estaria no uso de duas autorizações: uma para extração de madeira e outra para exportação.
Após a pressão dos madeireiros, continua a PF, o presidente do Ibama, Eduardo Bim, produziu um “despacho interpretativo” informando as autoridades dos EUA sobre “orientação geral no sentido de dispensar a necessidade de autorização específica para exportação dos produtos e subprodutos florestais de origem nativa em geral”.
As incongruências documentais foram questionadas, segundo a PF, pelo adido dos EUA no Brasil, Bryan Landry, e outros funcionários da Embaixada Americana. Eles, inclusive, reuniram-se com Bim; Raquel Bevilaqua, Chefe da Divisão de Assuntos Internacionais; e João Pessoa Riograndense Moreira Junior, à época coordenador-geral do Ibama.