O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e outras seis pessoas foram intimadas pela Polícia Federal para depor em conjunto no dia 31 de agosto sobre o caso das joias.
Qualquer tentativa de algum deles para combinar depoimentos poderá levar a um pedido de prisão, segundo fontes da Polícia Federal ouvidas pelo blog da Andréia Sadi e da Isabela Camargo.
“Se configurar obstrução de justiça, vai [ser] mais um crime na conta do bando”, diz um investigador que acompanha o caso.
O objetivo dos depoimentos simultâneos é, justamente, evitar uma possível combinação de respostas- além de acesso antecipado às perguntas.
Além de Bolsonaro e Michelle, foram intimados dois advogados do ex-chefe do Executivo, Fabio Wajngarten e Frederick Wassef; o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid (filho); o pai de Cid, general da reserva que foi colega de Bolsonaro na Aman, Mauro Cid (pai); o ex-assessor especial de Bolsonaro, Marcelo Câmara; e o ex-assessor de Bolsonaro, Osmar Crivelatti.
Os intimados são investigados por suspeita de participar de um esquema de venda ilegal de joias recebidas como presentes por comitivas oficiais do governo Bolsonaro em viagens ao exterior.
Alguns advogados ouvidos pelo blog admitiram temer risco de haver contradições nos depoimentos.
Uma das principais preocupações é com Frederick Wassef, tido como imprevisível e uma espécie de “bomba” incontrolável no entorno de Bolsonaro.
Já a defesa de Cid disse que ele ficará em silêncio. “Não vai falar em lugar algum”, disse o advogado Cezar Bittencourt ao blog da Andréia Sadi.
O esquema das joias
Em 11 de agosto, a PF deflagrou uma operação para apurar a suposta tentativa, capitaneada por militares ligados a Jair Bolsonaro quando ainda era presidente, como o advogado Frederick Wassef, que já defendeu a família Bolsonaro, e o ex-ajudante de ordens Mauro Barbosa Cid, de vender ilegalmente os presentes recebidos pelo governo por delegações estrangeiras.
Em 17 de agosto, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que havia autorizado a operação, determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
As joias que teriam sido vendidas de maneira ilegal foram entregues como presentes ao governo Bolsonaro por outros países, como a Arábia Saudita. Segundo a PF, a venda desses presentes começou a ser negociada nos Estados Unidos em junho de 2022.