Diversos fatores a pressionar prefeituras pelo país sugerem que 2021 pode ser segundo a revista Veja palco para uma repetição da onda de manifestações populares que agitaram o país a partir de junho de 2013 e culminaram com o impeachment da então presidente Dilma Rousseff. A avaliação é da Frente Nacional de Prefeitos, que aponta um descompasso crescente entre receitas e despesas dos municípios e a precarização dos serviços de transporte público urbano como elementos chave a alimentarem uma insatisfação popular generalizada novamente.
Com o fim de repasses financeiros para as prefeituras, por um lado, e as perspectivas ruins de arrecadação, por outro, os cofres dos municípios enfrentam cada vez mais dificuldades para atender a crescente demanda – particularmente em saúde, educação e assistência social. Além de enfrentar os desafios da pandemia, a saúde teve boa parte dos procedimentos eletivos represados e ainda viu o crescimento repentino da população dependente do SUS, seja pelo aumento dos desempregados, seja pelas famílias que cancelaram planos de saúde privados.
Já a educação luta para se adequar às novas regras sanitárias, gastando com reformas e adaptações, impondo barreiras à muitas famílias como a compra de equipamentos para aulas virtuais, e ainda tendo que lidar com a crescente demanda motivada pelo aumento das mensalidades particulares e o desemprego recorde.
Inclua na conta o fim do auxílio emergencial, a trôpega condução da crise sanitária no país, a ausência de diretrizes econômicas e, claro, um transporte público ineficiente, e o que se vê no horizonte não é nada bom. “Se 2020 foi ruim, espere para ver 2021”, adverte Gilberto Perre, secretário-executivo da Frente Nacional de Prefeitos. “Chame de bomba-relógio, tempestade perfeita ou o que for, o fato é que precisamos de medidas concretas e urgentes para evitar o pior”, argumenta.