Fumaça em um minitrio elétrico, pessoas no chão, gritaria, ambulâncias do Samu, veículos do Corpo de Bombeiros e um helicóptero do grupamento aéreo. A cena chamou atenção de quem passou pelas proximidades do Farol da Barra ao meio-dia desta última quarta-feira (8), mas tudo não passou de um simulado promovido pela Prefeitura de Salvador, em parceria com o Governo do Estado, para testar a qualidade e eficácia das ações de saúde durante o Carnaval. A intenção foi preparar os profissionais de diferentes órgãos para uma eventual ocorrência de grande porte.
Vinte personagens e cerca de 60 trabalhadores estiveram envolvidos na atividade de simulação de incêndio na casa de máquinas de um minitrio, no Circuito Dodô (Barra-Ondina), resultando em múltiplas vítimas de queimadura e outros traumas. No total, 12 órgãos estiveram envolvidos na megaoperação simulada, a exemplo do Samu, Defesa Civil de Salvador (Codesal), Superintendência de Trânsito (Transalvador), Guarda Civil Municipal (GCM), Corpo de Bombeiros e Polícia Militar da Bahia (PM-BA).
Na ocasião, foram avaliados o tempo de resposta do atendimento e interação das equipes de trabalho. “As equipes do município e estado já têm expertise na assistência em eventos de massa como o Carnaval, inclusive com atuações conjuntas, mas em um possível episódio com múltiplas vítimas cada segundo é fundamental. Essa articulação entre Prefeitura e Estado é de extrema importância para um serviço rápido e eficiente”, afirmou a vice-prefeita e secretária municipal da Saúde, Ana Paula Matos.
Os pacientes (atores que participaram do simulado) receberam os primeiros socorros no local do acidente e alguns deles foram transferidos para o módulo assistencial montado no Farol da Barra exclusivamente para a folia, funcionando como referência para encaminhamento e estabilização das primeiras vítimas. Já os pacientes com perfil hospitalar foram direcionados para o Hospital Geral do Estado (HGE), na Vasco da Gama. Um dos momentos que mais chamaram atenção foi o da chegada do helicóptero do grupamento aéreo na areia da praia para o resgate simulado de um paciente, que precisou ser encaminhado para o Hospital Municipal de Salvador (HMS).
Atriz participante da atividade, Natália Santiago, de 23 anos, contou que viveu um mix de emoções. “Para mim, ter participado dessa simulação foi incrível, uma experiência que me acrescentou bastante. No momento, foi gritaria, choro, uma agonia, mas ver ao nosso redor os profissionais agindo de forma tranquila, conduzindo os pacientes da forma que deveria, foi maravilhoso. O Samu já é um serviço que eu admiro demais, e poder ter visto hoje todas as equipes trabalhando de forma simultânea – os bombeiros, os policiais e a Transalvador – foi realmente bonito de se ver”, disse.
Para o coordenador do Samu do município, Ivan Paiva, a atividade serviu como aprimoramento e qualificação das equipes de trabalho escaladas para o Carnaval. “Foi uma forma de afinarmos ainda mais as atividades entre os inúmeros órgãos envolvidos na prestação dos serviços na festa e garantirmos maior eficiência do tempo/resposta em uma eventual ocorrência envolvendo múltiplas vítimas”, destacou.
Segundo a major Jamile Almeida, comandante do 3º Grupamento de Bombeiros Militar, o modelo de atuação foi feito em cinco fases: iniciando pelo bloqueio e isolamento do local, partindo para a evacuação, a estabilização do cenário, o socorro e o transporte das vítimas. As equipes do Corpo de Bombeiros que atuaram foram a de combate a incêndio, as equipes de busca e salvamento e também as unidades de resgate.
“Nós buscamos, nessa simulação, trazer o máximo de realidade de um sinistro que ocorresse no Carnaval. Nós avaliamos a simulação como uma etapa de um evento muito importante para sistematizar e fortalecer o trabalho integrado das forças, no sentido de dar uma resposta cada vez mais rápida e mais eficaz nos grandes eventos para uma segurança maior aos nossos foliões, aos nossos trabalhadores e aos nossos turistas no momento da festa”, destacou.
Estrutura
Para o Carnaval deste ano, a Prefeitura já preparou uma grande estrutura de saúde, envolvendo a mobilização de 1,5 mil profissionais, 115 médicos e cinco equipes de cirurgia bucomaxilofacial, que irão atuar em 5,3 mil plantões. Ao todo, serão 135 leitos, 73 ambulâncias, 12 motolâncias, duas ambulanchas, 11 módulos de saúde, 11 leitos de estabilização e dez postos da Vigilância Sanitária.