A deputada federal Carla Zambelli (PL) foi a parlamentar mais mencionada nas redes sociais na última legislatura (2019 a 2022). Em contrapartida, a deputada Talíria Petrone (PSOL) sofreu o maior número de ataques na internet proporcionalmente à quantidade de menções feitas a ela.
É o que mostra um estudo do Laboratório de Pesquisa em Comunicação, Culturas Políticas e Economia da Colaboração (Colab), da Universidade Federal Fluminense (UFF).
O laboratório analisou 4 milhões de menções a 79 deputadas e 12 senadoras, entre julho e dezembro de 2021, estabelecendo filtros para detectar o tipo de agressão. A violência política de gênero se revelou principalmente por:
- Intolerância política (22,3%)
- Discurso misógino (8,6%)
- Desinformação (5%)
- Aparência (3,6%)
- Racismo (2,9%)
- Homofobia (1,4%)
- Capacitismo (0,7%)
Talíria Petrone (PSOL – RJ) foi a deputada mais atacada nas redes sociais — Foto: Ricardo Albertini/Câmara dos Deputados
Entre os níveis de ofensa, o insulto liderou com 41% das menções, seguido por invalidação (26,6%) e crítica (24,5%).
Parlamentares de esquerda duas vezes mais atacadas que as de direita
Parlamentares mulheres de esquerda foram duas vezes mais atacadas na comparação com as parlamentares mulheres de direita. Talíria Petrone, Dayane Pimentel e a deputada Jandira Feghali foram as parlamentares proporcionalmente mais atacadas com discursos violentos motivados pela ideologia política, com 50%, 37,5% e 33,3% respectivamente. Nesse quesito, a deputada Carla Zambelli foi a menos atacada na internet – 26,2% das menções, sendo que as mensagens violentas representaram 2,8% desse total.
Dentre as plataformas consideradas no levantamento, o Twitter foi a rede social que mais apresentou discursos violentos com cerca de 24% das menções. O facebook é a plataforma que mais apresentou aumento nos índices de engajamento de conteúdos com ataques a parlamentares mulheres.
“Não há democracia possível se as mulheres não cabem no jogo democrático. Sou a parlamentar mais atacada nas redes sociais na última legislatura, mas isso, infelizmente, não é um caso individual. Isso revela um ódio a mulheres, em especial, a mulheres de esquerda, que são duas vezes mais atacadas do que as de direita.Um ódio a essas mulheres ocuparem um espaço político. Eu sou mãe, negra, de esquerda, defensora de direitos humanos. Esse é um corpo que não cabe na política”, disse Talíria.
A deputada defende uma regulamentação das plataformas. “É fundamental que a gente faça valer a lei de violência política de gênero para que sejam responsabilizados aqueles que cometerem esses atos mas também é fundamental uma regulamentação das plataformas para encerrar uma lógica do ódio, da desinformação”, afirmou.