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quarta-feira 7 de agosto de 2024 às 11:53h

Capitais do Nordeste são lideradas pela centro-direita e PL mais competitivo que o PT

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O PT enfrenta dificuldades para alavancar seus candidatos a prefeito nas capitais do Nordeste, onde o chamado centrão lidera a disputa pelas nove cidades da região e o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alcança uma competitividade maior do que a legenda do presidente Lula da Silva (PT) nestas eleições municipais.

Das 13 candidaturas petistas, lançadas e oficializadas até a última segunda-feira (5) conforme Clara Assunção, da revista Exame, para disputar o comando de 13 capitais, cinco delas estão na região, tradicional reduto da sigla. Mas apenas uma aparece com chance de vitória, numa disputa que deve chegar ao segundo turno, em Teresina, no Piauí.

Por lá, o deputado estadual Fábio Novo tenta o feito inédito de comandar a capital nunca governada pelo PT, apesar de o partido estar na chefia do Executivo Estadual desde 2003. Para isso, Novo terá que superar o favoritismo do ex-prefeito Silvio Mendes (União Brasil), em primeiro nas pesquisas, de acordo com dados consolidados pela consultoria Arko Advice.

Além de Teresina, o União Brasil, que surgiu da fusão entre Democratas e PSL, lidera outras cinco capitais do país — e no Nordeste, também está na frente até aqui na disputa por Fortaleza, no Ceará.

O União Brasil é seguido pelo PSD que aparece no topo das intenções de voto em Natal, no Rio Grande do Norte, e São Luís, no Maranhão.

O Progressista, partido que também forma o centrão, está em primeiro nas pesquisas em João Pessoa, na Paraíba, onde o atual prefeito Cícero Lucena pode ser reeleito.

Tudo isso indica um cenário com muito mais força à direita, do que à esquerda, nestas eleições municipais, segundo o sócio da Arko e mestre em Ciência Política, Lucas Aragão. O cenário obviamente pode mudar dado que ainda faltam dois meses para as eleições municipais e os candidatos só iniciam suas campanhas na próxima semana.

O centrão e a força no pleito

Para Aragão, os últimos dois ciclos eleitorais municipais do Brasil, 2016 e 2020, expuseram as fragilidades de partidos tradicionais, como PT e PSDB.

Há quatro anos, pela primeira vez desde a redemocratização, a legenda não conseguiu eleger nenhum prefeito nas 26 capitais. E os tucanos, apesar de terem conseguido o 6º maior número de prefeituras, com 512 candidatos eleitos, perderam 35% dos postos em relação a 2016, quando tinham 785 prefeitos.

Mesmo o presidente na época, Jair Bolsonaro, sem um partido naquele ano, também não conseguiu aglutinar prefeituras.

Esse vácuo foi ocupado pelo grupo político que domina a Câmara, com mais de 200 dos 513 deputados federais, e é reconhecido como mais conservador e aberto à negociação.

“E esses partidos do centrão se beneficiarão de um aumento na reeleição, porque eles já estão ocupando esses espaços. Eles também têm amplo acesso ao caixa do fundo eleitoral, do sistema partidário, e isso também beneficia”, diz Aragão. “Outro ponto, dentro de um cenário de intensa polarização no país, é que os partidos do centrão conseguem ser meio bivolts, tem candidato que dentro do mesmo partido pode ser meio ligado ao Bolsonaro e um outro que pode ser mais ligado ao Lula.”

Segundo ele, o centrão tende a se movimentar bem em ambientes de alta polarização. “Eles conseguem se encaixar dentro de ambas as narrativas e conseguem fugir delas quando não são ideais para eles”, completa.

PL mais competitivo que o PT

De olho no pleito nacional de 2026, o PL também se articula para ampliar suas bases nos estados nordestinos.

O levantamento da Arko Advice revela que o partido de Bolsonaro tem sido mais competitivo que o PT em capitais, com destaque em Aracaju, em Sergipe, e principalmente Maceió, em Alagoas, onde o atual prefeito João Henrique Caldas, o JHC, deve ser reeleito com expressiva votação ainda no primeiro turno. Em 2022, a capital alagoana foi a única da região onde Bolsonaro teve a maioria dos votos.

A aposta do partido de Lula é fazer alianças em capitais como Recife, Maceió, São Luís e Salvador.

De acordo com o cientista político, a costura de apoios na região e em outras capitais pelo país é “uma forma de o PT manter algum tipo de protagonismo”.

“De um ponto de vista puro, seria uma eleição com pouco protagonismo para o PT, que não tem candidatos competitivos na maioria das grandes cidades”, diz Aragão. “Então para se manter no centro debate, ele precisa emprestar relevância e o carisma e o apoio de Lula. Mas é uma eleição preocupante para o partido, que não tem sido capaz de criar novas lideranças.”

Ao apoiar nomes de outros partidos, a legenda rivalizará com alianças do PL na região, num pleito de centrão versus centrão com uma polarização de apoios. É o caso da disputa em Salvador, onde o presidente da República apoia Geraldo Júnior (MDB) a prefeito, e Bolsonaro faz oposição em busca da reeleição de Bruno Reis (União Brasil).

Eleições de referendo

O cientista político avalia que, apesar da nacionalização da disputa, as questões locais, de cada cidade, reduzem a influência de padrinhos políticos.

“A influência de Lula e Bolsonaro é um belíssimo ponto de partida, mas não ponto de chegada”, adverte.

“As eleições para prefeitos de capitais tendem a ser menos ideológicas do que as eleições gerais. Talvez apenas grandes centro urbanos, como São Paulo, que vemos o debate entre [Ricardo] Nunes e [Guilherme] Boulos, pode ser que esse componente ideológico pese. Mas dificilmente as pessoas votam para prefeito com a cabeça em ideologia, em temas comportamentais. Os pleitos municipais tendem a ser eleições de referendo. A cidade está indo para o caminho que eu gosto ou não?”, finaliza Lucas Aragão.

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