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segunda-feira 23 de outubro de 2023 às 15:00h

Candidatura do PL ao comando da Câmara é barganha de Valdemar por cargos

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O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, tem afirmado que o partido terá candidato próprio à Presidência da Câmara em 2025, em uma disputa que já conta com pelo menos quatro nomes. Nos bastidores, membros de outras siglas e integrantes do próprio PL, porém, veem no movimento uma estratégia de Valdemar para barganhar cargos na Mesa Diretora da Casa, além de relatorias de projetos importantes e presidências de comissões. O objetivo também seria manter protagonismo político nas articulações em Brasília com foco na eleição geral de 2026.

Com 98 deputados, o PL tem a maior bancada da Câmara e será um dos partidos decisivos para definir a sucessão de Arthur Lira (PP-AL), que não poderá concorrer na próxima corrida eleitoral do Congresso. Há uma expectativa de que a legenda possa retirar a candidatura de última hora após fazer acordo com a sigla que tiver o candidato mais viável. União Brasil, Republicanos, PSD e MDB já têm nomes para a disputa, mas não querem neste momento o apoio do PL, que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro, para não afastar o governo Lula.

Por isso, há espaço agora para o partido de Valdemar se manter em evidência com uma pré-candidatura que garanta projeção política. Há também quem avalie que o dirigente não descarta uma eventual divisão dos outros partidos, com uma pulverização de candidaturas que beneficie o PL.

O nome natural da sigla para a disputa é o líder da bancada na Câmara, Altineu Côrtes (RJ). Outro possível nome é o do deputado Wellington Roberto (PL-PB).

Altineu é visto na bancada hoje como alguém que tenta agradar a todos, com trânsito entre bolsonaristas e também entre simpatizantes do governo. Já Wellington Roberto, segundo parlamentares do PL, está mais “cauteloso” em relação à disputa pelo comando da Câmara, esperando o cenário ficar mais definido.

Valdemar escolheu o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) para coordenar o processo de escolha do candidato até o fim deste ano.

De acordo com um integrante do partido, a indicação de Orleans e Bragança para essa função reforça que a candidatura não é necessariamente para valer, já que o parlamentar, na visão dessa fonte, tem “articulação política zero”. A avaliação, nesse caso, é de que Valdemar quer um período de “paz” com a ala bolsonarista da bancada, que defende a candidatura própria para marcar posição. No entanto, Valdemar, segundo esse parlamentar, “não pode se dar ao luxo de não ficar com comissões” (caso o PL deixe de apoiar o candidato vencedor na disputa).

Valdemar, segundo membros do PL, também deve usar a pré-candidatura à presidência da Câmara com foco na próxima eleição geral. Manter protagonismo nas articulações em Brasília, na avaliação de fontes do partido, é essencial porque os acordos políticos para a próxima disputa presidencial passarão também pela capital federal. Se o PL, depois de ameaçar disputar o comando da Câmara, aparecer como o “fiel da balança” na candidatura de outro partido, pode garantir apoios para 2026.

Em fevereiro deste ano, o partido de Valdemar apoiou a reeleição de Lira, em uma chapa que abrigou até mesmo o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem o PL faz oposição. Após intensas negociações, a sigla levou a segunda vice-presidência da Casa e o comando de colegiados importantes, como a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, além da relatoria do Orçamento de 2024.

Candidatos

Nos bastidores, fala-se que o “candidato do coração” de Lira para 2025 é Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil na Câmara. A proximidade entre os dois, que chegaram a viajar juntos para o cruzeiro do cantor Wesley Safadão, em julho, nos Estados Unidos, é o maior trunfo do deputado baiano, mas Elmar não é unanimidade entre os pares. Muitos o veem como alguém avesso ao diálogo e mais preocupado com questões regionais, além de ter um histórico de atritos com o PT na Bahia.

Presidente nacional do Republicanos e vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (SP) é outro que tem atuado para concorrer ao comando da Casa. O parlamentar tem se apresentado como um “cumpridor de acordos”, característica também usada por deputados para justificar o apoio que deram nos últimos anos a Lira.

Pereira tem buscado fazer acenos ao governo, que tende a influenciar a disputa nos bastidores, como na tentativa de votar o projeto de lei sobre a taxação de fundos de alta renda mesmo com Lira fora do País. O impasse para o embarque do Palácio do Planalto na candidatura, contudo, é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, integrante do Republicanos e ligado a Bolsonaro.

Outro nome que tem ganhado força é o do líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA), que é visto como alguém que tem diálogo com todos, além de ser o mais próximo de Lula entre os possíveis candidatos. Caso eleito, ele seria o primeiro deputado negro a comandar a Casa, o que também poderia agradar ao Planalto, que tem um discurso de defesa da diversidade.

Brito foi praticamente lançado na disputa pelo presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, durante um jantar de comemoração dos 12 anos do PSD. Lideranças da Câmara, contudo, temem a influência de Kassab nos rumos da Casa caso o deputado seja eleito, devido à proximidade entre os dois.

Correndo por fora, está o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL). O nome do parlamentar é citado nos bastidores como uma alternativa para a disputa, mas alguns deputados veem a proximidade dele com o senador Renan Calheiros (MDB-AL) como um empecilho. Renan e Lira são ferrenhos adversários políticos em Alagoas.

Um grupo de deputados também não descarta que Lira esteja preparando uma candidatura do próprio PP para sua sucessão. Nesse caso, o nome seria o do atual líder da bancada na Casa, Doutor Luizinho (RJ), que assumiu o posto após a ida de André Fufuca (PP-MA) para o comando do Ministério do Esporte.

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