Conforme o jornal Folha de S. Paulo, o tempo no rádio e na televisão não será problema para prefeitos que buscam a reeleição nas capitais do Brasil. Políticos que tentam se manter no cargo tiveram mais sucesso ao compor alianças e, consequentemente, conseguiram, na maioria dos casos, mais espaço do que seus rivais no horário eleitoral que começa nesta sexta-feira (9).
O cenário se repete em 9 das 13 cidades em que prefeitos buscam a reeleição, casos de Bruno Covas (PSDB), em São Paulo, Rafael Greca (DEM), em Curitiba e Álvaro Dias (PSDB), em Natal, por exemplo. Eles terão quase um terço do espaço dividido entre todos os candidatos.
A propaganda política terá dois blocos fixos de 10 minutos cada no rádio (7h às 7h10 e 12h às 12h10) e na televisão (13h às 13h10 e 20h30 às 20h40), além de 70 minutos diários divididos em propagandas de 30 e 60 segundos distribuídos ao longo da grade das emissoras.
Cada partido garante um percentual do tempo no horário eleitoral e nas propagandas espalhadas ao longo da programação das emissoras de rádio e televisão. O montante é definido a partir da representatividade das legendas na Câmara de Deputados. PT e PSL são os que lideram. No caso de alianças, a chapa soma o tempo de todos os coligados.
No poder, com cargos distribuídos entre partidos aliados, os atuais prefeitos encontraram mais facilidade para fechar chapas com um número maior de siglas.
“Nesse ponto, há uma vantagem para os candidatos à reeleição. Eles têm cargos para distribuir aos partidos no executivo. Além, claro, de serem mais conhecidos do eleitor”, afirma a cientista política Silvana Krause, professora e pesquisadora de pós-graduação em ciência política na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Ela acredita que a eleição municipal tende a fortalecer quem é mais conhecido, tanto na disputa para a prefeitura quando nas vagas para vereadores. “Acredito que será a eleição de quem já está na política, de quem o eleitor conhece”, completa Krause.
Entre os candidatos à reeleição nas capitais, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), vive uma uma das situações mais confortáveis. Segundo pesquisa Datafolha, ele tem 56% das intenções de voto, mais que o dobro da soma dos índices de seus rivais.
A pesquisa, feita em parceria com a TV Globo, tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos. O Datafolha ouviu presencialmente 800 eleitores na segunda (5) e terça-feira (6).
O mineiro terá pouco mais de 2 minutos por bloco do horário eleitoral, menos do que seu rival João Vítor Xavier (Cidadania), com 6% das intenções de voto. Em 2016, Kalil, que já era conhecido por ter presidido o Atlético-MG, tinha apenas 20 segundos em cada bloco no primeiro turno.
Em São Paulo, Bruno Covas (PSDB) disputará a sua primeira eleição para o executivo com uma ampla aliança e o maior tempo de TV. Atrás de Celso Russomano (PP) nas pesquisas, o tucano assumiu a prefeitura após João Doria (PSDB) deixar o cargo para concorrer ao governo do estado em 2018.
Além do MDB, que terá Ricardo Nunes como vice, o tucano conseguiu apoio de partidos como DEM, Podemos, PSC, Cidadania, PL, PV e PP.
A propaganda no rádio e na TV teve sua importância questionada após a eleição presidencial de 2018. Com tempo escasso no horário eleitoral no primeiro turno, Jair Bolsonaro (sem partido) terminou em primeiro e depois foi eleito no segundo turno. Foi o fim da relevância do horário eleitoral?
“Não acredito que a TV deixou de ter importância”, diz Felipe Nunes, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e CEO da Quaest (consultoria que analisa popularidade de figuras públicas em redes sociais). “Mudou o impacto e a função [da televisão]. Mas, sim, o debate político e a maneira como a opinião está sendo formada passa cada vez menos pela TV e mais pelas redes”, completa.
Segundo Nunes, o papel do horário atualmente passou o ser a de mostrar o candidato, quem o apoia e as suas plataformas.
Krause acredita que a última eleição, há dois anos, mostrou um outro tipo de campanha que veio para ficar, com uso de redes sociais e uma nova linguagem.
“A TV seguirá tendo uma importância, mas o tempo de exposição nunca foi fator determinante. Ele sempre foi e ainda será uma variável importante, mas precisa casar com uma campanha bem feita, além de fatores de conjuntura para ter resultado”, analisa.