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Candidatos pagam para impulsionar críticas a adversários nas redes

quarta-feira 12 de setembro de 2018 às 15:54h

Militantes e candidatos a cargos eletivos estão pagando para impulsionar publicações negativas contra presidenciáveis nas redes sociais. Os candidatos Geraldo Alckmin (PSDB) e Jair Bolsonaro (PSL) foram alvo, até o momento, do maior número de “propagandas negativas”, segundo levantamento. Até o dia 24 de agosto, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já foram gastos R$ 2 milhões para impulsionamento de postagens na internet.

Para o professor de ciência política da FGV-SP Marco Antonio Teixeira, esse tipo de anúncio acaba “pregando para convertidos” “É um espaço em que há pouca abertura para debate, tudo vira briga, acusação. O efeito no eleitor tende a ser residual”, diz. Para ele, apesar desse tipo de anúncio, o foco dos candidatos ainda está no boca a boca. “Se isolarmos somente as redes sociais, não conseguimos explicar muita coisa. As pessoas estão cada vez mais desconfiadas delas”, disse.

Tucano

Em termos proporcionais, Alckmin foi o que recebeu mais críticas pagas – 9,6% dos anúncios com menções a seu nome são negativos. Foram 26, de um total de 270. Se excluídos os anúncios pagos pelo próprio candidato tucano (200), quase metade seriam contra ele.

Um dos principais “algozes” de Alckmin em anúncios pagos nas redes sociais é o candidato a deputado federal pelo partido Novo Vinicius Marini. O político usou a ferramenta para atacar um eventual apoio do tucano ao imposto sindical. “Os sindicalistas já estão manobrando com a esquerda e com o Geraldo Alckmin pra voltar o imposto sindical de forma disfarçada. Querem inventar uma tal ‘contribuição voluntária’, que seria aprovada em ‘assembleia’ e forçaria a todos contribuir”, diz a propaganda, publicada seis vezes.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que embora não seja candidato por ter sido condenado em segunda instância, tem 28 anúncios negativos, ou 4,6% do total. A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de negar a candidatura do petista com base na Lei da Ficha Limpa também foi motivo de multiplicação de menções positivas ao político, o que acabou diluindo as críticas

Candidatos ligados à direita são os principais críticos do petista – dois deles são ligados ao Movimento Brasil Livre (MBL): Kim Kataguiri e Artur do Val. Nas peças, Kataguiri afirma que recebeu mensagens de ameaça depois de impugnar a candidatura de Lula no TSE. Já Artur ironiza uma militante petista lembrando a ela que Lula está preso e inelegível.

Autopropaganda

Um ponto fora da curva é Henrique Meirelles (MDB), com a maior quantidade de anúncios com seu nome publicados – 1100 – mas praticamente todos foram financiados por ele mesmo. Dos sete feitos por outras pessoas, dois são negativos, ambos de políticos do PSOL. Um deles é do candidato a deputado federal Glauber Braga (RJ), que critica o fato de o emedebista ser a favor da reforma trabalhista. O segundo é do presidenciável Guilherme Boulos (PSol), que ironiza o jingle de Meirelles e diz que não vai “chamar” o Meirelles, mas sim taxá-lo. “Comigo rico vai pagar imposto”, diz Boulos no anúncio.

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