Foi Deus que me deu”, “Eu freio para animais” e “Consulte sempre um corretor” ganham de Jair Bolsonaro, Fernando Haddad ou Ciro Gomes na preferência automobilística das ruas. Mais à frente estão ainda a bandeira vermelha com faixa branca dos mergulhadores e o desenho do rosário católico.
A reportagem passou quatro dias procurando carros adesivados com imagens, nomes e números de candidatos à Presidência por diversos bairros.
De carros parados em ruas, estacionamentos, garagens de shoppings e casas, o que se depreende é que fazer campanha para um candidato com o automóvel privado já não é mais prioridade em tempos de redes sociais.
Os candidatos, contudo, continuam gastando suas verbas no santinho autoadesivo. Ciro Gomes (PDT) gastou cerca de R$ 1,3 milhão com publicidade por adesivos. Jair Bolsonaro (PSL) gastou, segundo dados do TSE, R$ 34 mil.
Marina Silva (Rede), por sua vez, dispensou mais de R$ 353 mil e Geraldo Alckmin (PSDB), cerca de R$ 812 mil.
Não há dados disponíveis das despesas de Fernando Haddad, mas a campanha do PT, antes em nome de Lula, gastou cerca de R$ 658 mil com adesivos.
O corretor de imóveis Elson Pereira do Nascimento, 51, não se deixou levar pela nova moda de não enfeitar o carro e colocou logo três de Bolsonaro em seu Hyundai HB20.
Ele diz que é a primeira vez que cola em seu veículo propaganda de candidatos à Presidência. “Já adesivei de candidato local, mas são umas panelinhas… Estou cansado.”
Nascimento diz acreditar que assim pode mostrar para as pessoas o seu candidato e abrir a mente delas. “Muita gente já veio me perguntar por que vou votar em Bolsonaro.”
Já Caio Maia, que em 2014 colou adesivos de Luciana Genro (PSOL) em seu carro, neste ano optou por demonstrar apoio em seu veículo apenas a candidatos ao Legislativo.
Em sua picape Mitsubishi, o advogado e servidor público de 30 anos faz campanha para candidatos a deputado federal, deputado estadual e senador. Ele conta que não usa adesivos de candidatos a presidente por ainda estar indeciso quanto ao voto.
“Neste ano vou votar pragmaticamente para presidente desde o primeiro turno, a depender de quem pode vencer Bolsonaro”, diz.
Maia, que mora e trabalha na região metropolitana, diz que não vivenciou nenhuma reação aos adesivos, mas que, em 2014, recebeu um bilhete de um morador de seu condomínio em apoio à sua opção exposta no carro.
A prática de colar propaganda de candidatos no carro é permitida pelo TSE desde que a área do autocolante não exceda meio metro quadrado. São permitidos, ainda, adesivos microperfurados em todo o para-brisa traseiro.
Tudo isso de forma espontânea, ou seja, o eleitor não pode ser pago para fazê-lo. O material ainda deve conter impresso o número de inscrição no CNPJ ou o número de inscrição no CPF dos responsáveis pela confecção e contratação, além da tiragem.