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domingo 25 de outubro de 2020 às 11:34h

Candidatos de diferentes campos traçam estratégias de olho no eleitorado evangélico

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Candidatos de diferentes espectros políticos vêm direcionando agendas e alianças de campanha de olho no eleitorado evangélico, grupo que corresponde a quase um terço da população brasileira. Pelo menos sete capitais têm candidaturas que concentram a aprovação ou a rejeição dos evangélicos de forma distinta à observada nas intenções de voto gerais, segundo o Ibope.

Segundo o jornal O Globo, no Rio e em São Paulo, onde Marcelo Crivella e Celso Russomanno, ambos do Republicanos, lideram entre evangélicos, adversários tentam aumentar sua inserção no segmento. O prefeito Bruno Covas (PSDB), principal adversário de Russomanno, participou do culto de aniversário do pastor José Wellington, da Assembleia de Deus, no último dia 5, em evento que também contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro. Já a relação do candidato do DEM no Rio, Eduardo Paes (DEM), com lideranças evangélicas levou a uma posição de neutralidade nomes como o bispo Abner Ferreira e o pastor Silas Malafaia, também próximos a Crivella.

Em Fortaleza, o líder nas pesquisas, Capitão Wagner (PROS), chega a 39% das intenções de voto entre evangélicos, segmento em que abre uma de suas maiores vantagens em relação a Luizianne Lins (PT) e Sarto Nogueira (PDT), ambos com 16%, segundo o Ibope. Líder de uma greve de policiais no Ceará em 2012, Wagner já recebeu apoio explícito de Bolsonaro.

Já em Maceió, a preferência da maioria dos evangélicos é por João Henrique Caldas, do PSB, partido que adota um posicionamento de centro-esquerda. JHC, como é conhecido, tem 31% no segmento, de acordo com o Ibope, contra 22% de Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB). Nas intenções gerais, Mendonça aparece numericamente à frente do candidato do PSB.

Candidaturas de direita

Segundo a socióloga Christina Vital, professora da UFF e colaboradora do Instituto de Estudos Sobre Religião (Iser), estudos que traçam o perfil recente de candidaturas à direita coincidem com a preferência observada entre os evangélicos, segundo as pesquisas do Ibope, por candidatos homens, brancos e jovens:

— A face da direita no Brasil se transformou nos últimos anos. Candidatos conservadores se apropriaram do tema da família como se fosse próprio da direita, mas há uma mobilização de candidaturas evangélicas à esquerda, e estamos acompanhando uma defesa da família em termos de superação da desigualdade, inclusão e justiça social.

Em casos como Maceió e Recife, onde João Campos, também do PSB, tem mais de um terço dos votos de evangélicos, a especialista avalia que há uma “superação da rejeição à esquerda”. O presidente do PSB, Carlos Siqueira, observa que capitais como Recife têm concentração evangélica nas classes C, D e E, o que dilui o apego a temas morais em questões socioeconômicas:

— Não é um eleitor reacionário, mas sim um eleitor que tem aspectos de vida conservadores, o que exige maior cuidado para tratar certas questões, senão você cria resistências desnecessárias.

Em Cuiabá, Abílio Brunini (Podemos), tecnicamente empatado com o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), abre ampla vantagem entre os evangélicos: chega a 38%, segundo o Ibope, enquanto Pinheiro tem 16% no segmento. Abílio é sobrinho do pastor Silas Paulo, líder da Assembleia de Deus em Mato Grosso. Abilio se define como um candidato “de direita” e que defende pautas conservadoras:

— Sou evangélico, mas creio que os evangélicos aceitam bem meu nome porque não fico falando de igreja, e sim de serviços públicos.

Em Goiânia, a estratégia de Maguito Vilela (MDB) para neutralizar o apoio evangélico a Vanderlan Cardoso (PSD), membro da Assembleia de Deus, levou à indicação do pastor Rogério Cruz (Republicanos) como vice. Ambos estão tecnicamente empatados, mas Vanderlan tinha 11 pontos de vantagem entre os evangélicos, segundo o Ibope, no início deste mês. Na pesquisa divulgada esta semana, a diferença se reduziu a um ponto.

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