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sexta-feira 18 de novembro de 2022 às 06:57h

Candidato brasileiro ao BID promete combater pobreza e mudança climática

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A luta contra a pobreza e a mudança climática, assim como o investimento um infraestrutura, são as prioridades do brasileiro Ilan Goldfajn caso for eleito presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). E “mais diálogo com a assembleia de governadores”.

Porque o banco, fundando há mais de sessenta anos, precisa de paz.

“O próximo presidente vai ter que enfrentar um BID de moral baixa, com muitos conflitos, muito mais ideológico, que precisa ser reenergizado”, mas “isso é um desafio e uma oportunidade”, disse à AFP.

“Será preciso trabalhar com pessoas que vêm de um período muito conflituoso”, diz o economista, que pediu licença como chefe do departamento latino-americano do Fundo Monetário Internacional (FMI) para defender sua candidatura à presidência do BID.

O último presidente da entidade, o americano Mauricio Claver-Carone, teve atritos com alguns países membros. Sua gestão foi repleta de polêmica desde sua nomeação, endossada pelo ex-presidente Donald Trump, até sua demissão por ter concedido tratamento favorável a uma subordinada com quem mantinha um relacionamento íntimo.

 Conflito interno

“É preciso um líder que não seja ideológico, que não seja partidário, alguém que não discuta questões que não são do fundo”, garantiu Goldfajn, indicado pelo presidente em fim de mandato Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas por Luis Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições presidenciais.

A candidatura deste ex-presidente do Banco Central do Brasil gerou conflito na equipe de transição do presidente eleito.

Ao ser questionado sobre se conta com o apoio de Lula, que ainda não se pronunciou a respeito, Goldfajn respondeu que “sim”. “Não há ninguém no Brasil que se oponha a meu nome”, garantiu.

Por enquanto, suas prioridades parecem estar alinhadas com as do líder petista.

A luta contra a pobreza e a desigualdade, “não só de renda, mas também de gênero”, está no topo da sua lista, sobretudo depois da pandemia e da guerra na Ucrânia, que desencadeou a inflação e aumentou a fome.

Em seguida, vem a mudança climática, algo contra o qual Goldfajn diz ter lutado em uma ONG “que ensinou as tribos da Amazônia a usar os recursos naturais” para evitar a derrubada de árvores.

O economista acredita ser importante poder assumir os objetivos do Acordo de Paris, que estabelece metas de emissões zero e descarbonização para limitar o aquecimento global. “É preciso discutir o assunto com a assembleia de governadores do BID, mas temos que poder assumir (o compromisso) com empréstimos reais.”

O terceiro eixo de sua proposta é “o investimento em infraestrutura física e digital, porque a conectividade hoje é muito relevante”, destacou.

Goldfajn, que afirma ser “um bom gestor e administrador”, acredita que o BID deveria estudar como aumentar a eficiência e proceder por etapas.

É preciso analisar “como otimizar o capital que existe, como otimizar o balanço do banco” e “existem formas de fazê-lo, com garantias cruzadas, com compra e venda de títulos, medindo os riscos que existem na carteira”, explicou.

Além disso, é preciso “olhar para a eficácia da utilização dos projetos”.

Diálogo e transparência

Em seguida, “é preciso aumentar a capitalização do BID invest”, que oferece produtos financeiros destinados a projetos do setor privado, “porque está conseguindo seus objetivos”.

“No futuro devemos pensar na capitalização” do braço público do BID, “discutir com todos”, em referência aos governadores da entidade, com os quais, se eleito, gostaria de andar de mãos dadas.

“É preciso dialogar com a assembleia de governadores, orientar a todos nós, dizer que é para lá que vamos e, junto com o presidente, definir como chegar lá”, afirmou. E os governadores também “devem agir com comunicação e transparência”.

No domingo, esta assembleia de governadores é quem elegerá o novo presidente do BID em votação feita com base nos direitos de voto dos países membros, que variam de acordo com o número de ações da instituição.

Brasil, Estados Unidos e Argentina juntos detêm quase 53% desses direitos de voto.

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