O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, parece estar tentando uma aproximação do governo e melhorar a relação com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Nas últimas semanas, Lula vem criticando a política monetária adotada pela autarquia.
Segundo Lauro Jardim, colunista do O Globo, Campos Neto marcou uma audiência com o ministro de Relações Institucionais Alexandre Padilha. O encontro deve acontecer ao longo da semana que vem.
Na quinta-feira (16) acontece a primeira reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) de 2023. Na ocasião, Campos Neto e os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet devem começar as negociações em relação é meta de inflação.
Segundo Igor Gadelha, colunista do Metrópoles, o presidente do Banco Central já sinalizou a integrantes do governo que deve defender uma mudança na meta de 2023. O plano é elevar a meta de 3,25% para 3,50%, mesma meta do ano passado.
Autonomia do Banco Central
Está claro para Lula e para o governo que a independência do Banco Central é algo que não deve ser revisto tão cedo. O presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou mais cedo que este assunto não retroagirá.
Segundo ele, o Banco Central independente é marca mundial e Brasil precisa se inserir nesse contexto. “Este foi o modelo escolhido pelo Congresso Nacional”, disse.
Ainda assim, Campos Neto pode ser chamado para defender diante dos parlamentares a política monetária adotada. Lula disse que o presidente do Banco Central “deve explicações ao Congresso”.
Com isso, deputados e senadores próximos ao governo começaram a se mobilizar. Os deputados Lindbergh Farias e Guilherme Boulos confirmaram a apresentação dos pedidos para ouvir Campos Neto e o plano de política monetária do Banco Central.
“Esse cara [Roberto Campos Neto] precisa ter um pouquinho de bom senso. Não é presidente do PL, não é ministro do Bolsonaro, ele é o presidente do Banco Central”, disse o senador Jorge Kajuru.