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segunda-feira 26 de setembro de 2022 às 11:02h

Campanhas têm disparo de gastos com redes sociais e menor investimento na TV

DESTAQUE, ELEIÇÕES 2022, NOTÍCIAS


Quatro anos após as redes sociais terem papel de protagonismo na disputa eleitoral, gastos de candidatos com impulsionamento de conteúdo explodiram neste ano e, a menos de uma semana para o primeiro turno, já superam o total dispensado na campanha passada. Segundo levantamento do jornal O Globo a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a estratégia digital já custou R$ 120,9 milhões, contra R$ 98 milhões com o mesmo tipo de despesa durante os dois turnos de 2018, em valores corrigidos pela inflação. Ao mesmo tempo, as cifras despendidas para produzir programas eleitorais para TV e rádio, que respondiam por quase metade do investimento em propaganda eleitoral, caíram 32% e hoje são menos de um terço.

No caso da produção dos programas eleitorais, passaram de R$ 431,7 milhões há quatro anos para R$ 294,3 milhões agora. A comparação considera despesas até a última quarta-feira com os valores gastos até os últimos 11 dias do primeiro turno em 2018.

Embora o aumento nos gastos possa ser explicado pelo crescimento do fundo eleitoral — passou de R$ 2 bilhões para R$ 4,9 bilhões —, a importância que os candidatos deram ao impulsionamento foi maior neste ano. Em 2018, era apenas o décimo item entre todos os tipos de despesas e, a esta altura da campanha, havia sido gasto R$ 66,6 milhões. Agora, após o valor aumentar 81%, passou para a sexta posição.

O salto é ainda maior — de 441% — se considerado apenas a publicidade no Google, que passou de R$ 4,6 milhões para R$ 24,9 milhões em quatro anos, também considerados os valores gastos antes do primeiro turno. Já o Facebook recebeu R$ 19,4 milhões nas eleições passadas e, agora, já acumula R$ 39,7 milhões, o que eleva em 104%. O levantamento não inclui gastos de empresas contratadas pelos candidatos com essas plataformas.

A campeã de impulsionamento de conteúdo nas redes sociais até agora é a senadora Simone Tebet (MDB), que tem como principal desafio nesta campanha se tornar uma candidata conhecida. Estreante na disputa pelo Palácio do Planalto, ela gastou R$ 2,7 milhões para disseminar vídeos em que, principalmente, se apresenta ao eleitorado. Em seguida na lista está o ex-presidente Luiz Inácio Lula da SIlva (PT), com R$ 2,2 milhões, e o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT), postulante ao governo do Ceará, com R$ 2 milhões.

O presidente Jair Bolsonaro (PL), que em 2018 utilizou as redes sociais como principal ferramente de campanha — tinha apenas oito segundos na propaganda eleitoral de TV no primeiro turno —, neste ano investiu R$ 538 mil para impulsionar suas postagens. Ele tem utilizado o mecanismo para direcionar anúncios a mulheres, jovens e moradores da Região Nordeste. Um vídeo impulsionado no YouTube pelo perfil do candidato à reeleição na quarta-feira, por exemplo, mostra uma conversa entre duas mulheres com críticas a Lula. Até a sexta-feira, a publicação já tinha 1 milhão de visualizações.

No caso da campanha petista, além dos impulsionamentos, a estratégia digital tem sido alavancada pelo que aliados têm chamado de “efeito Janones”, com postagens em série do deputado federal André Janones (Avante-MG). O parlamentar, que se tornou um fenômeno nas redes sociais durante as discussões do Auxílio Emergencial, reúne mais seguidores que Lula na maioria das redes sociais e tem feito postagens em defesa do aliado e críticas a Bolsonaro, numa estratégia comparada a do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), o filho do presidente responsável por comandar os perfis do pai. Janones gastou R$ 65 mil para impulsionar conteúdos de campanha até agora.

Propaganda eleitoral

A comparação dos gastos totais com propaganda eleitoral neste ano também já superaram 2018 na reta final para o primeiro turno. Ao todo, candidatos destinaram R$ 993,3 milhões para itens como publicidades impressas (confecção de santinhos, por exemplo), na internet ou por carro de som para as eleições de 2022, contra R$ 911,7 milhões (valor corrigido pela inflação) no pleito anterior, num aumento de 8,9% em quatro anos, segundo a prestação de contas à Justiça Eleitoral. O GLOBO considerou os gastos feitos até 11 dias da eleição em 2018 e 2022.

Em números, foi a publicidade por adesivos que puxou a alta de gastos com propaganda, que passou de R$ 196 milhões para R$ 241 milhões. Lula desponta como quem mais gastou com produtos do tipo em 2022, com R$ 3,3 milhões.

As estratégias dos presidenciáveis — Foto: Arte/Infoglobo

As estratégias dos presidenciáveis — Foto: Arte/Infoglobo

A publicidade por carros de som, por sua vez, aumentou pouco: de R$ 15,9 milhões para 17,9 milhões. O candidato ao governo de Alagoas pelo PSD, Rui Palmeira, é o primeiro colocado no quesito: já gastou R$ 255 mil.

O item materiais impressos, que incluem santinhos, folders e bandeiras, por sua vez, caiu de R$ 757,4 milhões para 603,6 milhões em quatro anos. Este tipo de gasto representava a maior despesa das campanhas na reta final da disputa de 2018, mas neste ano caiu de posição, sendo ultrapassado pela contratação de pessoal — que incluem desde cabos eleitorais a colaboradores.

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) foi o que mais gastou até agora com material impresso, com despesas que já somam R$ 5,9 milhões.

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