A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) calcula ter recebido segundo o jornal Estado de São Paulo, aproximadamente 300 mil doações individuais nas últimas 24 horas, após aliados e simpatizantes pedirem transferências de 1 real por PIX para ajudar na tentativa de reeleição de Bolsonaro Planalto e combater “fraudes” na urna eletrônica.
Nas redes sociais, apoiadores vincularam a iniciativa a uma contagem paralela de votos contra fraudes na urna – tese de Bolsonaro que nunca foi comprovada e é contestada pela própria Justiça Eleitoral. Integrantes da campanha dizem que esse discurso não partiu do comitê, mas começaram a usar a iniciativa para turbinar o pedido de doações.
No início da semana, uma mensagem começou a circular em grupos de WhatsApp e em outras redes sociais sugerindo que os eleitores de Bolsonaro enviassem um PIX para o CNPJ da campanha e assim organizassem um “parâmetro antifraude”. O movimento gerou uma onda de doações com o valor de 1 real e preocupação com a prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que precisa ser feita de forma individual e enviada após 72 horas.
Pelas redes sociais, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, divulgou uma mensagem pedindo as doações e reforçou que a campanha está precisando de dinheiro. “Surgiu espontaneamente uma campanha de doação de R$ 1,00 para a campanha do Presidente Bolsonaro (assim como há outra de R$ 1.022,00 de produtores rurais). Informo que doação de qualquer valor é bem-vinda, desde que seja do seu coração. E, sim, estamos precisando”, escreveu o parlamentar.
A deputada Carla Zambelli (PL-SP) gravou um vídeo para incentivar os eleitores a transferirem o PIX para a campanha do presidente. “Tem muita gente falando: doa 1 real porque a gente vai saber quantas pessoas vão votar no presidente. Na verdade, não é nem por isso que a gente pede a sua doação. A gente pede a doação para ajudar mesmo a campanha presidente porque é uma campanha cara e a sua contribuição pode fazer a diferença”, disse.
Ao Estadão, Zambelli afirmou que a vinculação do PIX ao “parâmetro antifraude” foi feita por apoiadores e nem faz sentido porque não são todos os eleitores que farão a transferência. “A gente falou: vamos aproveitar que isso está viralizado e vamos dizer que pode ser feito realmente, mas qualquer valor.”
O contador responsável pela campanha de Bolsonaro, Guilherme Sturm, disse ao Estadão que aproximadamente 300 mil doações foram feitas nas últimas 24 horas – o número ainda não foi confirmado, o que deve acontecer até quinta-feira, 15. Ele estima que a maioria foi PIX de 1 real.
“Nós vamos processar isso mecanicamente e o processamento é feito com ferramentas digitais. É algo inusitado, mas já passou o primeiro susto”, afirmou o contador, dizendo que será possível transmitir todas as informações ao Tribunal Superior Eleitoral em tempo hábil após uma preocupação inicial com o volume de doações.
O PL não priorizou a campanha de Bolsonaro na distribuição do fundo eleitoral. Candidatos a governador e o conjunto de deputados e senadores acabaram recebendo a maior fatia, o que levou o comitê a pedir doações individuais para empresários e outros eleitores – desde ruralistas até pessoas que possam ajudar com 1 real. De acordo com a prestação de contas feitas pela campanha até o momento, Bolsonaro arrecadou R$ 21,9 milhões: R$ 10 milhões do fundo partidário, R$ 11,8 milhões de doações individuais e R$ 90 mil do fundo eleitoral.
A prestação de contas deve aumentar o custo da campanha de Bolsonaro com contabilidade. O contador afirmou, porém, que o gasto não inviabiliza o processamento. Para cada doação, ele calcula um custo de 10 centavos para fazer a prestação de contas.