Representantes do segmento cultural apresentaram demandas e relataram dificuldades para sobreviver durante a pandemia da Covid-19 e o isolamento social. A reinvenção e a sobrevivência do artista também foram questões levantadas no debate virtual realizado pela Comissão de Cultura e pela Ouvidoria da Câmara Municipal de Salvador. A segunda audiência pública com o tema “Cultura em Tempos de Pandemia”, na manhã desta quarta-feira (3), foi conduzida pelos vereadores Sílvio Humberto (PSB) e Aladilce Souza (PCdoB).
“O momento é de incertezas”, ressaltou o vereador Sílvio Humberto, presidente da Comissão de Cultura da Câmara. Ele apontou enfaticamente para a importância da cultura popular e a sua contribuição no desenvolvimento do Brasil.
Também destacou a aprovação pela Câmara dos Deputados do Projeto de Lei nº 1.075, que destina recursos emergenciais para o setor de cultura. Conhecido como lei de emergência cultural, o PL levará o nome do compositor Aldir Blanc. Serão destinados R$ 3 bilhões a estados e municípios. A matéria segue para apreciação no Senado.
A vereadora Aladilce Souza, ouvidora da Câmara, frisou que o segmento está muito vulnerável nessa pandemia. “Temos que socorrer essas pessoas, fazendo pontes e catalisando as energias”, pediu. Ela ressaltou que “o momento que estamos vivendo (por causa do isolamento social) trouxe a importância da cultura”.
Demandas
Várias demandas foram apresentadas pela produtora Renata Hasselman. No seu entendimento, “o desafio é buscar uma autossustentação da cultura e elaborar um plano orgânico para esse momento”. Dentre as demandas elencadas, pediu o pagamento dos artistas que trabalharam no Carnaval, defendeu mais flexibilidade nos trâmites burocráticos dos editais de cultura e a disponibilização de pautas gratuitas no Teatro Castro Alves, quando o equipamento não estiver em uso.
A secretária estadual de Cultura, Arany Santana, fez um balanço das ações implantadas pelo governo baiano para atender o segmento cultural, defendeu a construção coletiva de novas frentes e ressaltou a importância da lei de recursos emergenciais para o setor cultural. “A lei vai atender aos invisíveis da cultura”, previu.
Sobre os questionamentos apresentados no debate, informou que o cadastro cultural está aberto para atualização e será a base para atender aos artistas contemplados pela lei emergencial. Em relação ao pagamento do Carnaval, informou que 90% já foi pago e até o dia 15 de junho o restante será quitado.
O ator e diretor teatral Marcelo Praddo atentou para a urgência do tempo para ajudar os artistas. “São quase quatro meses sem trabalho. A intenção é se manter vivo e sobreviver em outras atividades”. Falando de si, informou que sua última atividade remunerada ocorreu em 15 de fevereiro.
Festas juninas
A produtora Alessandra Gramacho defendeu as festas juninas e os artistas que atuam nesse período do ano pelo interior da Bahia e em outras regiões do Brasil, notadamente o Nordeste. Ela frisou que “os forrozeiros fomentam uma cadeia econômica das mais importantes com as festas juninas”.
Atuante no setor cultural da cidade do Senhor do Bonfim, o antropólogo Rodrigo Wanderley “Pezão” apontou para a dificuldade do artista popular se cadastrar junto à Secretaria de Cultura da Bahia. Também mostrou preocupação com o preparo de estados e municípios para aplicar os recursos do Projeto de Lei 1.075.
Também participaram do debate a vereadora Marta Rodrigues (PT) e o diretor da Fundação Pedro Calmon, Zulu Araújo, dentre outros representantes do setor cultural.
A primeira audiência sobre o tema foi realizada no dia 18 de maio e contou com a participação de Fernando Guerreiro, da Fundação Gregório de Mattos, e Pablo Barrozo, secretário municipal de Cultura e Turismo.