Região observou aumento de 30% na mortalidade relacionada com altas temperaturas nos últimos 20 anos; os três anos mais quentes registados ocorreram desde 2020; stress térmico é a principal causa de morte, uma vez que agrava condições crônicas como doenças cardiovasculares, respiratórias e diabetes.
A região europeia é a que regista o aquecimento mais rápido das seis regiões cobertas pela Organização Mundial da Saúde, OMS, com as temperaturas subindo em um ritmo duas vezes maior que a taxa média global.
Em comunicado divulgado nesta quinta-feira, o diretor regional da OMS para a Europa, Henri Kluge, afirmou que os três anos mais quentes registados ocorreram desde 2020, e a década mais quente foi desde 2007.
Temperaturas insuportáveis
No final de julho, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, emitiu um apelo à ação contra o calor extremo em resposta aos impactos mortais do aumento das temperaturas em todo o mundo.
Em alguns locais, a crise climática está fazendo o calor chegar a níveis insuportáveis. As estimativas mostram que, a nível mundial, ocorreram em média 489 mil mortes relacionadas com altas temperaturas todos os anos entre 2000 e 2019.
A região europeia da OMS, composta por 53 Estados-membros, detém 36% dessas mortes, o que equivale a 175 mil vidas perdidas todos os anos.
O apelo do secretário-geral identifica quatro áreas de ação: cuidado dos vulneráveis, proteção dos trabalhadores, aumento da resiliência das economias e das sociedades e limitação do aumento da temperatura global a 1,5°C.
Stress térmico e impactos na saúde
Segundo Kluge, todas essas medidas são muito relevantes para a região europeia, onde, nos últimos 20 anos, houve um aumento de 30% na mortalidade relacionada com o calor.
O stress térmico é a principal causa de morte relacionada com o clima na região, pois os extremos de temperatura agravam as condições crônicas, incluindo doenças cardiovasculares, respiratórias e cerebrovasculares, saúde mental e condições relacionadas com a diabetes.
As temperaturas elevadas são um problema em particular para os idosos, especialmente aqueles que vivem sozinhos. Também pode representar um fardo adicional para as mulheres grávidas.
Planos de ação
Para aumentar a resiliência nesses países, a agência de saúde da ONU recomenda que sejam elaborados planos de ação no eixo calor-saúde, para melhorar a adaptação de comunidades.
Mais de 20 países da região europeia têm planos deste tipo em vigor. Segundo a OMS, embora isto seja encorajador, não é suficiente para proteger todas as comunidades.
A OMS/Europa, através do Centro Europeu para o Ambiente e a Saúde em Bona, Alemanha, está desenvolvendo uma segunda edição atualizada das suas orientações para esses planos de ação.
Medidas simples para evitar fatalidades
O objetivo é proporcionar referências baseadas em evidências para que os governos nacionais e locais estabeleçam os seus próprios planos ou atualizem os existentes, para assim melhorar a gestão dos riscos térmicos.
Algumas medidas simples incluem evitar sair e realizar atividades extenuantes nos horários mais quentes do dia, passar de duas a três horas por dia em um local fresco, como um supermercado ou cinema, manter a casa fresca e o corpo hidratado.
Neste sentido, é importante evitar bebidas açucaradas, alcoólicas ou com cafeína devido ao seu efeito desidratante no corpo.