As últimas semanas têm sido de variação intensa para os preços do cacau no mercado internacional. Na terça-feira (4), o contrato referência atingiu a máxima de 46 anos, negociado por 2678 libras a tonelada, maior nível desde 1977, mas em um dia de poucas negociações já que nos Estados Unidos não foi registrada operação em decorrência do feriado de 4 de julho.
Há alguns meses o preço do café tem suporte na preocupação com a oferta da África, que sente de forma severa os impactos climáticos. A expectativa de déficit global está elevada, de acordo com dados da Organização Internacional do Cacau (ICCO), que projeta déficit em 142.000 toneladas na temporada 2022/23. Segundo a agência Reuters, no entanto, há operadores no mercado que falam de volumes ainda mais expressivos, de aproximadamente 200.000 toneladas, que somadas ao ciclo anterior pode chegar a 225.000 toneladas.
“As chuvas na Costa do Marfim e no oeste Africano se mostraram bastante intensa. Junho normalmente é um mês que chove, porém choveu demais, acima da média dos últimos 10 anos. Há vários relatos de alagamentos nas lavouras, então se tem uma dificuldade tanto na secagem do que está sendo colhido agora, tanto no desenvolvimento da safra que será colhida entre outubro e novembro”, acrescenta Leornado Rossetti, analista de mercado da StoneX Brasil.
Todas as atenções do setor produtivo, a nível global, estão para a previsão de um El Niño alterando as condições climáticas neste segundo semestre de 2023. De acordo com Rossetti, essa também é uma preocupação para o cacau, já que o fenômeno climático costuma prejudicar a produção global de cacau. “El Niño tem certos efeitos, sim. E como nós estamos falando de uma região que produz cerca de 70% de cacau do mundo, o mercado já começa a projetar um novo déficit”, comenta