A BYD anunciou a construtora baiana Sepeng como a empresa responsável por realizar adequações na obra da fábrica da companhia em Camaçari, na Bahia. A mudança ocorreu após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.
O contrato com a empresa começou no dia 17 de janeiro e tem duração de 30 dias. A BYD reforçou que essa não será a empresa substituta da chinesa Jinjiang, tema que ainda está em discussão e em breve será divulgado.
Entre 50 e 100 trabalhadores baianos, em sua maioria residentes de Camaçari, estão envolvidos nesse projeto. As atividades principais da Sepeng incluem a sinalização da obra, instalação de áreas para descanso, implementação de medidas de proteção coletiva, além da regulamentação das normas para a realização das escavações.
A Sepeng Engenharia é um consórcio que reúne duas empresas baianas: a SBE e a Pelir. As duas empresas têm um histórico de parcerias com grandes empresas como CCR, Porto de Aratu, Ford e Larco.
“Este contrato reflete a confiança em nossa expertise e no compromisso que temos há mais de 40 anos em oferecer soluções de engenharia que priorizam a segurança, o bem-estar dos colaboradores e o cumprimento rigoroso das normas”, afirma Rodrigo Cerviño, Diretor Administrativo & Comercial do consórcio.
Saiba mais sobre o caso
No último dia 23 de dezembro, o Ministério Público do Trabalho da Bahia realizou uma operação para resgatar 163 operários que trabalhavam em condições análogas à de escravos na obra da montadora. Também foram interditados alojamentos e trechos do canteiro de obras.
Os alojamentos onde os trabalhadores dormiam tinham graves problemas de estrutura. Havia somente um banheiro para cada 31 funcionários, o que os obrigava a acordar 4h para formar fila e conseguir se preparar para sair ao trabalho às 5h30. Além disso, eles não eram separados por sexo, não possuíam assentos sanitários adequados e apresentavam condições precárias de higiene. A ausência de local apropriado para lavagem de roupas levava os trabalhadores a utilizar os próprios banheiros para esta finalidade.
Em um dos quartos, ocupado por uma cozinheira, foram encontradas panelas com alimentos preparados deixadas abertas no chão, expostas a sujeira e sem refrigeração, para serem servidas no dia seguinte. Os trabalhadores consumiam água diretamente da torneira, sem tratamento, inclusive levando-a em garrafas para o local de trabalho.
A construtora chinesa Jinjiang era a responsável pelos trabalhadores e foi afastada da obra.