A segunda Casa do Estudante Quilombola, iniciativa inédita no país de oferecer residência a universitários quilombolas – neste caso oriundos da Ilha de Maré, pertencente à capital baiana -, foi instalada pela Prefeitura no bairro do Canela. A entrega da estrutura ocorreu na manhã desta terça-feira (17), com as presenças do prefeito Bruno Reis e da secretária da Reparação (Semur), Ivete Sacramento, dentre outras autoridades.
A unidade tem capacidade para atender até 40 pessoas, sendo dez a cada semestre. A residência está localizada em um bairro central, próxima à Universidade Federal da Bahia (Ufba), com transporte e acesso facilitado aos quatro cantos da cidade. A ação visa atender aos jovens dessas localidades, devidamente matriculados e cursando o ensino superior, mas que não têm residência na parte continental de Salvador.
O prefeito lembrou a dificuldade logística para estes estudantes e como a residência vai auxiliar este processo, deixando aos universitários o foco exclusivo à vida acadêmica. “Sei da dificuldade dos estudantes de virem diariamente a Salvador para estudar e retornar para Ilha de Maré. Se não fosse por esta casa muitos não teriam a oportunidade de ter um ensino universitário. A estrutura vai permitir que os jovens possam realizar o sonho da graduação e seguir a profissão que escolheram, com oportunidades de acesso a emprego e renda”, disse Bruno Reis (União Brasil).
A secretária Ivete Sacramento explicou que a criação da segunda residência integra uma ação reparadora para as comunidades quilombolas daquela região, e faz parte do planejamento estratégico do município. “A Ilha de Maré possui a maior população quilombola de Salvador. Por conta disso, preparamos uma série de ações afirmativas para eles, pois vimos que havia muita dificuldade para essa juventude acessar a universidade”.
Ambientes
A casa tem capacidade para abrigar até 40 alunos. A estrutura é composta por dois pavimentos, cinco quartos, quatro suítes, seis banheiros, área de serviço, cozinha ampla, salas de TV e de estudos, garagem e depósito. O espaço terá investimento anual de aproximadamente R$200 mil anuais para manutenção. Para ter acesso à casa, o jovem precisa comprovar, através de certificado, que é um quilombola, nascido e residente nesse território, além de estar matriculando e cursando o ensino superior em Salvador.
Um dos estudantes beneficiados, Cleiton Lopes, de 22 anos, que cursa Ciências Sociais, diz que o espaço é uma oportunidade de manter o foco nos estudos e uma ajuda para evitar gastos que para ele seriam impraticáveis, como o pagamento de aluguel em Salvador. “É muito importante para o estudante quilombola conseguir este tipo de apoio, pois se fossemos aguardar a universidade teríamos que arcar também com aluguel por alguns meses, impactando a renda familiar. Já pensei em desistir, mas o apoio da família e auxílios como este ajudam bastante”.
Estratégia
Fruto do Programa de Ações Afirmativas para a Comunidade Quilombola em Salvador, a Casa do Estudante Quilombola visa assegurar condições básicas de moradia a alunos de Ilha de Maré que estejam matriculados de forma presencial em entidades de ensino superior sediados na capital baiana, mas que encontram dificuldades para frequentar as aulas por conta do deslocamento. A capital baiana foi pioneira em todo o Brasil a realizar este tipo de ação. A primeira unidade foi inaugurada em 2018, em Matatu de Brotas, e hoje abriga 25 estudantes.