A Prefeitura de Salvador entregou nesta sexta-feira (15) a Escola de Saúde Pública de Salvador (ESPS), voltada para formação, estudos e pesquisas na área. Localizada na Rua Miguel Calmon, no Comércio, o equipamento foi inaugurado pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil) e pela vice-prefeita e titular da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Ana Paula Matos (PDT). O evento também marcou a abertura do Memorial Maria Odília, uma exposição permanente no mesmo espaço da escola, em homenagem à primeira médica negra do país.
Na prática, a ESPS vai promover a formação e qualificação de profissionais em saúde, visando o desenvolvimento científico, tecnológico e inovação. O espaço também realizará ações de educação popular em saúde, assim como atuará com estratégias de educação digital que ampliem a atuação dos resultados na formação de trabalhadores e estudantes.
O prefeito Bruno Reis afirmou que a entrega da escola representa um novo passo na saúde pública municipal. “É mais um avanço importante na área e uma conquista da nossa cidade ter, agora, uma escola de formação para qualificar e reciclar os nossos profissionais de saúde. Temos profissionais qualificados, que trabalham com muito amor, se entregam diariamente nas unidades de saúde para cuidar das pessoas. E o grande desafio hoje da nossa gestão é elevar ainda mais a qualidade do serviço, fazer com que a população esteja cada vez mais feliz com o resultado do nosso trabalho”, disse o chefe do Executivo municipal.
A vice-prefeita e secretária de Saúde, Ana Paula Matos, explicou que a formação dos professores já foi iniciada, na última semana. “No início do ano que vem, depois dessa formação interna, a gente vai poder formar os servidores da ponta e compartilhar o conhecimento. Vamos incentivar a pesquisa, trazer inovação, tecnologia, mas sobretudo fazer a formação dos nossos profissionais, o compartilhamento de conhecimento das melhores práticas. O nosso público interno é de 12 mil servidores, mas a gente também quer ajudar a formar a própria população, para que a gente tenha uma saúde melhor”, apontou.
O prédio da escola tem 1 mil metros quadrados de área, quatro pavimentos, sete salas de aula, um laboratório de atenção primária e saúde bucal, dois laboratórios de urgência e emergência, uma biblioteca, um estúdio, um auditório, um refeitório e uma sala de professores. O espaço tem capacidade para receber cerca de 400 pessoas em cada turno.
Além da importância da escola para a saúde pública, o espaço também vai ajudar na revitalização do Centro Histórico, destacou o prefeito. “Este é mais um casarão do Centro Histórico que recuperamos, mais uma unidade da Prefeitura que vai funcionar no Comércio. Vai atrair milhares de alunos, que também vão ocupar esta área, consumir os serviços e, consequentemente, colaborar para a grande virada que queremos dar no Centro Histórico e no Comércio”, disse.
Estrutura e mobiliário
A ESPS é equipada com Laboratório de Atenção Primária e Saúde Bucal, que conta com macas, consultório simulado, sala de debriefing, prática em odontologia e bancada para experimentos. Os Laboratórios de Urgência e Emergência, por sua vez, têm salas de controle de alta complexidade, dispositivos eletrônicos, como câmeras de alta definição, e estúdio para gravação e transmissões ao vivo para salas de aula.
O mobiliário escolhido é moderno e permite desenvolver as metodologias propostas. A ESPS dispõe de 50 notebooks para a realização de atividades virtuais, a serem promovidas pela Unidade de Educação Digital exclusiva para as necessidades de formação da Secretaria Municipal da Saúde.
Além disso, todas as salas de aula contam com lousas interativas com acessibilidade, webcam, microfones embutidos, acesso a aplicativos de educação e saúde, wi-fi e compartilhamento automático de dados para a condução das atividades educacionais.
A ESPS, acrescentou Ana Paula, trará mais excelência e inovação para a formação de profissionais, estudantes de graduação e de nível técnico, bem como residentes médicos e multiprofissionais de Salvador.
Em novembro de 2023, a estrutura de ensino foi oficialmente integrada à Rede Brasileira de Escolas de Saúde Pública (RedEscola), somando-se a outras 60 unidades de todo o país. Em outubro, foi assinado o Decreto nº 37.586, que instituiu a escola no âmbito da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
De acordo com Christian Tirelli, gerente executivo da ESPS, a unidade marca um momento histórico para os servidores da saúde municipal. “A ESPS veio para institucionalizar as ações formativas e gerar ainda mais impactos positivos na qualidade de atenção à saúde ofertada pelo SUS. A partir de inovações tecnológicas e pedagógicas, queremos garantir um SUS cada vez mais humanizado e tecnicamente qualificado no âmbito municipal”, disse.
Memorial
A exposição permanente inaugurada no prédio da ESPS homenageia a história de Maria Odília Teixeira, a primeira médica negra do Brasil. Ela nasceu em São Félix do Paraguaçu em 1884 e faleceu em Salvador em 1970, deixando legado histórico. A partir de um equipamento cultural em formato de árvore, como símbolo de ancestralidade, o visitante é convidado a conhecer e interagir com os fatos pertinentes à médica.
No entorno da árvore foram dispostas telas, bem como ilustrações que representam as diferentes fases da vida da personagem, visando fortalecer os vínculos da imagem de Maria Odília com as lutas atuais, criando laços de identificação.
Durante o recesso de final de ano, já haverá visitas guiadas ao Memorial Maria Odília para o público externo, a partir do dia 3 de janeiro. Para isso, é necessário fazer o agendamento no site da escola (https://esps.saude.salvador.ba.gov.br/). A visitação pode ser feita de terça à sexta-feira, das 10h às 17h.
“O Memorial surge como forma de reparação histórica e reforço do poder feminino e negro, característicos da nossa cidade”, avaliou Ana Paula Matos.
Neto de Maria Odília, o médico André Lavigne lembrou o período em que morou com a avó na infância, no bairro do Barbalho, onde ela, com a idade já bastante avançada, atendia de graça a quem a procurava.
“Ela parou de trabalhar para cuidar da família. Dizia que casou com um homem de posses, que Deus foi muito bom, e ela tinha que retribuir atendendo os pobres de graça. Era uma pessoa simples. Vim saber há uns 15 anos que ela foi a primeira médica negra do Brasil. Era um doce, não se gabava de ser médica. Foi um exemplo para todos nós. Estimulou meu pai a fazer Medicina e ele nos ensinou também a fazer essa profissão por amor, sem olhar quem tem ou não tem”, relatou, durante a solenidade.