O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, comentou com Maria Eduarda Portela, do portal Metrópoles, sobre a cassação do mandato do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) durante um evento nesta quarta-feira (17), em Brasília. Para Dantas, a queda do ex-procurador da Operação Lava Jato é um “trágico fim, esperado por todos”.
“Ontem foi cassado o mandato do deputado que foi o principal personagem dessa novela brasileira. E a grande verdade é que esse é o trágico fim, esperado por todos. Não costuma acabar bem esse tipo de história”, ressaltou o presidente do TCU.
Durante o evento, Bruno Dantas fez duras críticas aos procedimentos adotados pela força-tarefa da Lava Jato, comandada por Dallagnol em Curitiba, no Paraná, que terminou com a prisão de vários políticos e empresários, como o Joesley Batista, acionista do grupo J&F – holding que controla a JBS – e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Começa como uma operação séria, mas os seus protagonistas se embriagam com a súbita notoriedade que adquiriram e descobrem duas coisas: podem virar popstars e políticos, e segundo, que podem ganhar muito dinheiro com isso. E as duas coisas foram muito negativas para o Brasil”, observou Dantas.
O presidente do TCU destacou também que as investigações da força-tarefa “deixaram de ser guiadas” pelos padrões da Constituição após ganharem os holofotes. Além disso, Dantas declarou que a Lava Jato “ampliou exageradamente” as etapas da operação e começou a acusar o sistema político, produzindo uma “criminalização generalizada”.
Para Dantas, a Operação Lava Jato tentou retirar poderes atribuídos às outras Cortes, uma vez que o Ministério Público Federal (MPF) compactuou com as empreiteiras, na esfera criminal, mas não eliminou a competência dos demais órgãos.
“Quem dá a última palavra sobre o dano ao Erário é o TCU. E eu disse a ele [Dallagnol]: ‘A minha competência eu nunca te deleguei. Ninguém poderia delegar a nossa competência ao senhor. Aqui no tribunal vamos prosseguir as apurações e se encontrarmos superfaturamentos maiores que os acordos que vocês assinaram, nós vamos imputar às empresas’”, salientou o presidente do TCU.
Cassação de Dallagnol
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por unanimidade, cassou a validade do registro de candidatura de Deltan Dallagnol nessa terça-feira (16/5). Para os magistrados, o deputado pediu exoneração do MPF para fugir de julgamento no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que poderia impedi-lo de concorrer às eleições de 2022.