A conversa realizada nesta quarta-feira (3) entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) foi dura e repleta de críticas do magistrado sobre a Lava-Jato e a atuação do ex-juiz.
No encontro que durou 1h30 revelado pela repórter Mariana Muniz, do Globo, Gilmar externou a Moro as críticas públicas que faz a ele e à operação e lhe deu um conselho:
— Aproveite que o senhor está no Senado e sua experiência na casa para aprender — disse o magistrado. Quem intermediou a conversa entre ambos foi o senador Wellington Fagundes (PL-MT), que participou da reunião, realizada no STF.
Gilmar questionou ainda conforme Bela Megale, a legalidade de provas trazidas pela Lava-Jato, criticou o uso da operação para tentar pressionar o Supremo e apontou a investigação, por parte da força-tarefa de Curitiba, de autoridades com foro privilegiado.
Moro ouviu mais do que falou. O senador tentou defender a operação, destacou que o foco era combater a corrupção e negou desvios de recursos na 13a Vara Federal de Curitiba, onde ele atuava na Lava-Jato. Moro também tentou se desvincular do ex-chefe da força-tarefa, o ex-procurador e ex-deputado federal Deltan Dallagnol, cassado ano passado.
Na conversa, o ex-juiz fez um pedido ao magistrado, que mantivesse o canal aberto com ele. O último encontro entre ambos foi em 2019, quando Moro era ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro. Na ocasião, o ex-juiz esteve em Portugal para dar uma palestra no evento organizado pela instituição de ensino de Gilmar.
A agenda entre ambos ocorre em meio ao processo do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná que pode culminar na cassação do mandato de Moro no Senado.