“Acordei às 6h com o barulho dos bombardeios e das sirenes. Os bombardeios aqui estremecem as janelas, as portas e o teto. O tempo inteiro escuto o som dos helicópteros. Temos um bunker aqui, que é um quarto superprotegido. A gente consegue se esconder lá dentro quando ouve a explosão e as sirenes”, contou ao Correio Braziliense. Kelly não quis ter o rosto identificado nessa reportagem.
De acordo com ela, em cidades próximas, as sirenes antiaéreas tocam constantemente, desde às 6h30.
“Alguns kibbutzim foram invadidos e pessoas foram sequestradas e levadas para a Faixa de Gaza. O Exército israelense tenta tomar as cidades de volta. É uma situação bem tensa”, disse Kelly. Ela se lembra que, dois meses atrás, o grupo fundamentalista palestino Jihad Islâmica lançou 2 mil foguetes contra Israel no intervalo de alguns dias.
“Dessa vez, fomos atacados com mais de 3 mil foguetes nas primeiras horas da manhã. Estou bastante nervosa, mas minha família aqui em Israel tenta me acalmar. Eles têm experiência e sabem como se proteger. Acho que não consigo me acostumar isso, mas tento não perder a cabeça”, acrescentou Kelly.
Ataques em Israel
Em uma ação sem precedentes, dezenas de combatentes do Hamas se infiltraram no território de Israel, durante o início da manhã deste sábado. Vídeos circulando pelas redes sociais mostram israelenses em pânico e correndo, durante uma festa ao ar livre, no kibbutz de Urim, que foi invadida pelo Hamas.
Nas primeiras horas da invasão do Hamas, mais de 2,5 mil foguetes foram lançados contra Israel. Sirenes antiaéreas soaram nas principais cidades de Israel, inclusive em Tel Aviv e em Jerusalém. De acordo com a imprensa israelense, pelo menos 35 civis teriam sido sequestrados pelos militantes do grupo fundamentalista islâmico.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirma que o país está em guerra. A situação é extremamente tensa no sul de Israel.
Diretor de vendas de uma empresa na área de high-tech e filho de brasileiros, Yanai Gilboa-Glebocki, 58 anos, mora em Bror Hayil, um kibbutz situado a 7,5km da fronteira com a Faixa de Gaza. Pelo menos 60% dos moradores de Bror Hayil são brasileiros, filhos e netos.
Em entrevista ao Correio, Yanai contou: “Fomos surpreendidos de uma forma muito ruim”. “Lamentavelmente, tem muitos mortos e feridos. Soldados e civis foram sequestrados para dentro de Gaza. Tanques e jipes do Exército israelense foram capturados pelo Hamas. Dois, três ou até mais kibutzim estão sob controle do Hamas. A situação é ruim”, disse.