No dia 17 de março, quando o Ministério da Saúde tinha registrado 291 casos de brasileiros com o novo coronavírus, Teresa Constantinov, 65, achou que sua febre e dor de garganta eram apenas sintomas de uma gripe.
Ela nem imaginava que, alguns dias depois, saberia ter sido infectada pelo Sars-CoV-2, assim como sua mãe de 92 anos, além de seu marido e uma das duas filhas do casal.
“A médica me mandou para casa e disse para eu voltar apenas se tivesse falta de ar”, conta. Após dez dias, a febre não passava e, apesar de não ter dificuldade para respirar, Teresa ainda tinha de ficar de cama, pois se sentia muito fraca, com enjoo e ânsia de vômito.
Foi quando ela retornou ao hospital da rede Prevent Senior e recebeu o diagnóstico de Covid-19. Além disso, os exames apontaram que ela estava com 50% de capacidade pulmonar.
“Perguntaram se eu queria fazer tratamento com hidroxicloroquina; disse que sim. A gente tinha a notícia de que a mãe dos donos do hospital estava se tratando com esse remédio, então lógico que eu ia querer.” “Não tive medo nenhum”, conta Teresa, que diz que se sente curada e agradece pelo atendimento recebido.
Ela conta que começou a apresentar melhora a partir do quarto comprimido do medicamento. Durante o tratamento, feito em casa, Teresa diz que seu maior medo era passar o vírus para alguém, principalmente para seu marido Carlos Roberto Constantinov, 66, que é fumante.
Nesta semana, tanto ele quanto a filha Tatiana Constantinov, 44, descobriram que tinham sido infectados pelo novo vírus. Nenhum dos dois, porém, teve sintomas.
“A minha outra filha, Talita, que ficou mais tempo comigo e foi quem me levou para o hospital, não foi infectada. Acho que é resultado da meditação que ela faz todos os dias, deve ter protegido ela”, brinca Teresa.
O que Teresa não soube, durante três dias, é que, enquanto se recuperava em casa, sua mãe, Yolanda Ciampone, 92, também recebeu resultado positivo para Covid-19. A matriarca da família foi internada após manifestar falta de ar e chegar ao hospital com baixa de potássio e sódio.Yolanda, matriarca da família, durante internação, jogando cartas com sua neta Tatiana, que se contaminou, mas não teve sintomas.
Mesmo com a idade avançada, ela teve um quadro melhor que o de Teresa -menos de 25% da capacidade pulmonar estava comprometida. De acordo com a família, Yolanda não foi medicada com cloroquina e os médicos decidiram tratá-la apenas com antibióticos.
A escolha de não contar para Teresa sobre a mãe partiu de seus familiares, que preferiram poupá-la. “Hoje, a gente ri disso, mas foi um período difícil para nós, pois tínhamos que tomar cuidado para ninguém dizer nada que pudesse soar suspeito para a minha mãe”, conta Tatiana.
Quando Teresa enfim soube o que tinha acontecido, chorou por medo de a mãe passar pelo mesmo que ela. Felizmente, a família conta que Yolanda não sofreu tanto quanto sua filha e voltou para casa nesta terça-feira (7).
“Aos pouquinhos, ela está melhorando. Hoje, ela já está indo no banheiro sozinha”, conta sua neta Regina Welzl, que, com suas primas e tia, acompanhou Yolanda no hospital.