O Brasil tinha, em 2022, 9,462 milhões de pessoas ou quase 10% (9,8%) do total de pessoal ocupado em trabalho remoto pelo menos uma vez por semana. Esse grupo inclui trabalhadores que realizaram seu trabalho em local diferente do padrão. A classificação considera o trabalho no domicílio, mas também locais como um café ou em um ambiente de coworking, por exemplo, desde que este não seja controlado pela empresa do trabalhador.
O dado é parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Teletrabalho e trabalho por meio de plataformas digitais 2022, estudo inédito do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que trata dessa forma de trabalho que consolidou seu espaço na pandemia.
Entre os que fazem trabalho remoto, há um subgrupo, o do teletrabalho, que contempla as pessoas que recorrem a algum dispositivo eletrônico para executar seu trabalho, como um computador ou celular.
Eram 7,299 milhões de trabalhadores em teletrabalho no Brasil em 2022, segundo o IBGE. O contingente corresponde a 7,7% dos trabalhadores ocupados no país. Há diferenças significativas entre as regiões: 4,1%, na Norte; 5,2%, na Nordeste; 7,1%, na Centro-Oeste; 7,4%, na Sul; e 9,7%, na Sudeste.
Os dados da pesquisa mostram que a proporção de mulheres ocupadas que realizaram teletrabalho (8,7%) em 2022 era superior à dos homens (6,8%). Quando considerado o recorte por cor ou raça, o percentual de pessoas brancas em teletrabalho (11%) era maior que os dos pretos (5,2%) e pardos (4,8%).
“A diferença no teletrabalho, de acordo com cor ou raça, reflete a desigualdade em termos de escolaridade e também do acesso a determinadas ocupações”, afirma o responsável pela pesquisa, Gustavo Geoquinto Fontes.
Um dos aspectos que mais chama a atenção do pesquisador nos dados é a diferença de magnitude do teletrabalho de acordo com o grau de instrução do trabalhador.
Entre as pessoas ocupadas sem instrução ou com fundamental incompleto, apenas 0,6% eram teletrabalhadores no período de referência, que considera os 30 dias anteriores à pesquisa. Essa prevalência subiu um pouco para as pessoas com fundamental completo ou com médio incompleto (1,3%). Para aquelas que possuíam o ensino médio completo ou superior incompleto, o percentual foi de 4,8%.
No topo da escolaridade, no entanto, que é o grupo com pelo menos o ensino superior completo, quase um quarto (23,5%) realizou pelo menos um dia de teletrabalho no mês anterior ao questionário.
“A diferença que mais chama atenção é aquela por nível de instrução. No grupamento com ensino superior completo o teletrabalho é muito maior que nos outros grupos”, diz ele.
Na análise por setores da economia, é possível observar ainda que cerca de um quarto (25,8%) das pessoas ocupadas no setor de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas realizou teletrabalho em pelo menos um dia no período de referência da pesquisa.
A classificação do IBGE para o trabalho remoto segue a metodologia da Organização Internacional do Trabalho (OIT). No caso de motoristas, por exemplo, o local padrão de trabalho seria um veículo e não a sede da empresa pela qual está contratado. Por isso, ele não entra nesse grupo de trabalhadores remotos.
No caso de empregadores e trabalhadores por conta própria, isso significa um local diferente das instalações do próprio empreendimento ou de clientes. Para uma pessoa que vende doces produzidos em sua casa, por exemplo, esse trabalho no domicílio não seria classificado como trabalho remoto.
A pesquisa investiga sobre a prática de trabalho nos 30 dias anteriores à entrevista. Por isso, o número total de trabalhadores ocupados exclui pessoas que eventualmente estejam afastadas do trabalho, como por questões de doença ou licença-maternidade.