sexta-feira 22 de novembro de 2024
Torres de energia eólica offshore na Noruega 5/09/2018 Foto: REUTERS/Phil Noble/Divulgação
Home / Mundo / MUNDO / Brasil quer aprofundar conhecimento sobre eólicas no mar com projetos de petroleiras
terça-feira 4 de outubro de 2022 às 16:03h

Brasil quer aprofundar conhecimento sobre eólicas no mar com projetos de petroleiras

MUNDO, NOTÍCIAS


Os projetos de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação (PD&I) conduzidos por petroleiras serão importantes para que o Brasil conheça melhor seus recursos para geração de energia eólica no mar e possa impulsionar essa nova fonte em meio à transição energética global, disseram nesta terça-feira agentes do setor de energia e representantes do governo brasileiro.

A energia eólica offshore virou objeto de interesse de empresas como Petrobras, Shell e Equinor, que veem nela uma alternativa para descarbonizar seus portfólios no Brasil aproveitando sua experiência em alto mar e potenciais sinergias com operações de exploração e produção de petróleo e gás.

+Investimento social e em infraestrutura é fundamental para crescimento da América Latina, diz Banco Mundial

A agência reguladora ANP já contabiliza dez projetos de PD&I de petroleiras dedicados a identificar e desenvolver soluções para geração eólica offshore, disse Symone Araújo, diretora da agência, durante seminário sobre o tema nesta terça-feira.

Segundo ela, esses projetos, relacionados a compromissos contidos nos contratos de exploração e produção das petroleiras, ganharam mais incentivo após atualização regulatória que permitiu que os investimentos pudessem ser direcionados a temas da transição energética, como hidrogênio e captura de carbono.

“É muito relevante esse movimento… Entendemos que há um papel relevante da cláusula de pesquisa, desenvolvimento e inovação [nos contratos] para que a gente possa cada vez mais acelerar e estar ‘on board’ no processo de transição energética”, disse Araújo.

Gustavo Pires Ponte, representante da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), lembrou que a cessão de uso de recursos no mar será gratuita para atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, conforme decreto assinado pelo governo no início deste ano para desenvolver a geração eólica offshore.

O Ministério de Minas e Energia vem avançando com a regulamentação necessária para que os projetos comecem a sair do papel. Atualmente, os empreendimentos eólicos offshore em licenciamento no Ibama somam 169 gigawatts (GW) de potência.

Grandes grupos de energia e petroleiras vêm estudando oportunidades na fonte, que pode se tornar uma alternativa para a produção de outros combustíveis do futuro, como hidrogênio verde.

“Eles [projetos de PD&I] vão nos ajudar na superação desses desafios todos, como na formação de mão de obra”, afirmou Ponte.

“Há um desafio de se conhecer melhor o recurso eólico no mar… Precisamos reduzir as incertezas, porque ainda nos baseamos em dados de modelos de satélite. A Petrobras é um ótimo exemplo, com recursos de P&D, fizeram a medição de ventos no mar”, acrescentou Ponte.

A Shell está conduzindo estudos sobre a fonte focados em entender os recursos eólicos no Brasil, a fim de desenvolver tecnologias que sejam mais compatíveis com a realidade nacional, disse Camila Brandão, gerente do programa de pesquisa e desenvolvimento tecnológico em geração renovável da Shell Brasil.

“Temos um país com uma extensão de costa continental, o Nordeste tem uma variação de maré que pode chegar a 8, 10 metros. A gente tem uma água que é quente no Nordeste, no Sudeste é fria. No Sul, temos rajada compatível a tufão. Então será que a gente consegue replicar o modelo do pré-sal, onde conseguimos padronizar os equipamentos?”

Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), avalia que o Brasil ainda não tem “desafios” relacionadas à offshore, apenas etapas a serem percorridas.

Segundo ela, o Brasil já avançou com licenciamento ambiental e regulação para os projetos, enquanto questões associadas à infraestrutura (transmissão de energia), cadeia produtiva nacional e custos ainda precisam ser endereçadas.

Na semana passada, a executiva disse esperar que um primeiro leilão de cessão do uso do mar possa acontecer no primeiro semestre do ano que vem.

Veja também

Bolsonaro pode ser preso após indiciamento? Entenda os próximos passos do processo

Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado pela Polícia Federal nesta quinta-feira (21) pelos crimes de abolição …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!