O risco de calote pode ser o principal entrave para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma vez que o garantidor final será o governo argentino. É o que explicam especialistas na revista IstoÉ Dinheiro sobre a proposta de crédito para financiar empresários brasileiros que exportam para a Argentina.
“O país se encontra sem reservas internacionais e afundado em um crise econômica e um processo inflacionário sem controle o risco de déficit da economia é muito grande, como já tivemos com Cuba e Venezuela, no qual tivemos o calote”, explica Alessandro Azzoni economista e conselheiro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Há uma maior exposição ao risco quando há transações desse tipo, afirma Alexandre Pires, professor de Economia no Ibmec SP, que alerta para exemplos com a Venezuela. “O risco é de não receber o pagamento principal, além das atualizações de juros que são devidas”.
Mas, por outro lado, garantias para obtenção do crédito levariam em conta a capacidade financeira das empresas que estariam comprando as mercadorias e serviços brasileiros, conforme avalia Azzoni.
Garantias
Uma linha de crédito, segundo Pires, significa o fornecimento de empréstimo do Brasil pra Argentina, sem relação com sistema de pagamentos em moeda local. “Trata-se basicamente de empréstimo financeiro para cobrir rombos nas contas externas da Argentina que não consegue fazer caixa suficiente para honrar os seus compromissos”, completa. Após a reunião com Alberto Fernández esta semana, Lula ressaltou seu entusiasmo com a cooperação econômica.
“A discussão é que nós precisamos ajudar os empresários brasileiros que exportam para Argentina e financiar as exportações brasileiras, como a China faz para os produtos chineses”, afirmou.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que a pasta estuda formas de garantia da Argentina para o Brasil.
“São mais de 200 empresas brasileiras que não só não estão exportando, como muitas não estão recebendo. Estão com valor das exportações retido na Argentina em virtude da falta de divisas. Então nós vamos sentar hoje para verificar se é possível é levar ao presidente, em uma reunião seguida de jantar, talvez uma solução para isso”, declarou o ministro.
Em busca de uma saída para conseguir garantias bancárias para empréstimos a empresários, Lula disse que chegou a debater a situação com Dilma Rousseff, que atualmente preside o NBD (Novo Banco de Desenvolvimento), o banco de fomento dos BRICS.“Queríamos saber se os BRICS poderiam ajudar, mas a presidenta Dilma explicou que o NBD não pode ajudar um país que não seja membro”, explicou.