A safra de trigo do Brasil foi estimada nesta quinta-feira (7) conforme a Reuters em um recorde de 9 milhões de toneladas em 2022, aumento de 17,6% ante a temporada passada, que já havia sido histórica, com produtores devendo semear a maior área com o cereal em 32 anos, de acordo com levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo a estatal, o Brasil já plantou cerca de 65% da área estimada em 2,9 milhões de hectares, que deve ter um crescimento de 6,6% ante temporada anterior, ficando abaixo apenas da marca de 1990, de 3,28 milhões de hectares.
A Conab espera ainda um ganho de produtividade de 10,3% na comparação anual, para 3 toneladas de trigo por hectare. Há 32 anos, o rendimento agrícola era de 1 tonelada/hectare.
O avanço no plantio pode ser atribuído aos preços recordes pagos ao produtor em meio ao abalo na oferta global por conta da guerra na Ucrânia. A alta nas cotações tem sido fator de sustentação da inflação de alimentos também no Brasil.
A Conab citou ainda a valorização cambial como motivo de alta nos preços, uma vez que o Brasil importa a maior parte do trigo consumido localmente da Argentina.
“A retomada da valorização cambial, somada à alta da cotação argentina, que acabam por encarecer a paridade de importação, foram fatores determinantes para as valorizações sobre as cotações domésticas”, disse a estatal.
Com uma maior oferta projetada na nova safra, a Conab reduziu a previsão de importação de trigo pelo Brasil na safra 2021/22 (encerrada em julho) em 500 mil toneladas, para 6 milhões de toneladas, enquanto elevou o quantitativo a ser exportado de 3,15 milhões para 3,2 milhões de toneladas.
Para 2022/23, a previsão é de exportação de 2,5 milhões de toneladas, enquanto a importação foi estimada em 6,5 milhões de toneladas.
Soja e milho
A Conab praticamente não alterou as projeções de safras de soja e milho, que foram estimadas em 124,05 milhões de toneladas e 115,66 milhões de toneladas, respectivamente.
Com a nova projeção, a Conab estima um aumento de 32,8% na safra de milho na comparação com o ciclo passado, quando o país sofreu com seca e geadas.
A alta na produção é puxada sobretudo pela segunda safra do cereal, que está sendo colhida e foi estimada em 88,4 milhões de toneladas, crescimento de 45,6%, também com impulso da área plantada, que cresceu cerca de 10%.
A Conab elevou a projeção de exportação de milho do Brasil 2021/22 para 37,5 milhões de toneladas, 500 mil acima da previsão anterior, versus 20,8 milhões no ciclo passado, quando a produção foi menor.
Já a exportação de soja foi mantida em 75,23 milhões de toneladas, versus 86,1 milhões de toneladas no ciclo passado, quando a produção foi recorde em 138,1 milhões de toneladas.
A colheita de algodão do Brasil 2021/22 foi estimada em 2,79 mi t (pluma), também com pouca mudança ante a previsão de junho, o que deve representar aumento de 18,2% ante ciclo anterior.