O preço do gás natural liquefeito (GNL) no Brasil está mais caro que o cobrado em parte da Europa, o que sugere que os compradores nacionais têm pago um prêmio para atrair as cargas, mostram dados divulgados nesta segunda-feira (25/3) pela Platts, da S&P Global Commodity Insights.
A cotação do gás para entrega em 15 a 45 dias na costa brasileira, medida pelo índice DES Brazil, chegou a US$ 8,484 o milhão de BTU na sexta (22) — um prêmio de US$ 0,10 por milhão de BTU em relação ao NWE, o preço de referência do GNL offshore na Europa Ocidental.
Já em relação ao TTF, referência do gás onshore na Europa, o preço do GNL no Brasil está US$ 0,194 o milhão de BTU mais baixo – a menor diferença já registrada desde 1º de fevereiro, quando a consultoria começou a fazer a comparação entre os indicadores.
“Os preços no Brasil geralmente têm acompanhado os observados no Noroeste Europeu (NWE) e os traders sugeriram que, dependendo das dinâmicas, os compradores poderiam precificar com prêmios em relação aos níveis vistos na Europa para atrair cargas adicionais de outros lugares”, afirmou a Platts.
O prêmio pago pelo Brasil é resultado da mudança da dinâmica do mercado global de gás provocado pela Guerra da Ucrânia.
A União Europeia busca reduzir a dependência do gás russo e está comprando mais gás dos EUA, o maior exportador de GNL do mundo e a principal fonte de importação do Brasil.
Quem quer competir com os europeus e atrair a commodity precisa pagar mais.
O Brasil importou 627 mil m3 de GNL (280 mil toneladas métricas) este mês, até o dia 25 de março — o volume mais alto desde junho de 2022, segundo a S&P Global.
Os Estados Unidos forneceram a maior parte: 448 mil m3.
O restante veio da Nigéria, que enviou a primeira carga desde janeiro de 2022.
A expectativa dos traders é que a demanda cresça este ano devido aos efeitos persistentes do El Niño sobre a geração hidrelétrica, segundo a consultoria.