Um relatório feito pela Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico colocou o Brasil entre os países com a maior proporção de jovens fora da escola e sem trabalhar. “Eu ficava entre biologia, medicina veterinária. Meus pais sempre deram oportunidade de eu ter um tempo para pensar e a carreira que eu escolher, eles estariam me apoiando”, diz a estudante Kailane Moreira Franco.
No ranking de 37 países analisados pela OCDE, o segundo lugar é do Brasil na proporção de jovens fora da escola e sem trabalho – atrás só da África do Sul.
O sociólogo Fausto Augusto Júnior prefere chamar de “sem-sem”. “O nem-nem dá impressão que o jovem não quer estudar, que o jovem não quer trabalhar. A escolha de sair da escola não é uma escolha, é uma imposição social. Do mesmo jeito que não encontrar emprego não é porque ele não procurar emprego, é porque não tem emprego para esse jovem”, afirma o diretor técnico do Dieese.
Para a economia, é mais que um drama. “É uma tragédia macro, microeconômica. A gente vive mais e nós estamos produzindo cada vez menos jovens. E uma parte grande desses jovens que a gente tem vai ser incapaz de sustentar os idosos”, explica Hélio Zylberstajn, professor da Faculdade de Economia da USP.
Economistas e sociólogos se preocupam: dizem que é preciso cuidar dessa fase de transição para o mercado de trabalho. Não só para garantir o futuro dos jovens, mas do país.
“O Brasil é o eterno país do futuro. O problema é que, com o tempo, nós estamos envelhecendo e daqui a pouco nós podemos ser o país do passado”, diz o sociólogo.
“A nossa escola, o ensino médio, tem que se tornar um ensino profissionalizante. Porque, assim, as crianças que estão vindo, quando terminarem o ensino médio, já vão ter um emprego, um trabalho, vão ter uma ocupação”, afirma Hélio Zylberstajn.