Brasil e Argentina pediram neste último sábado (4) à diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, que oriente as negociações paralisadas em Genebra sobre subsídios agrícolas, que consideram fundamentais para garantir a segurança alimentar global.
Okonjo-Iweala ouviu a proposta na sede da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), em Montevidéu, que visitou no âmbito dos 30 anos da Declaração de Marrakech, com a qual foi concluída a Rodada Uruguai do GATT e estabelecida a OMC.
“É muito importante avançar no tema agrícola”, disse o embaixador do Brasil na Aladi, Antonio Ferreira Simões. “Aqui, na América do Sul, no Cone Sul, se produz 30% dos alimentos do mundo. Se nós tivermos um mundo com menos subsídios agrícolas, nós poderemos produzir ainda mais”.
E acrescentou: “A melhor forma de garantir a segurança alimentar é eliminar os subsídios, ou reduzir, pelo menos. Porque é uma forma de fazer com que aqueles que produzem sem subsídios possam produzir e exportar mais”.
Anteriormente, o representante argentino junto à Aladi, Alan Beraud, havia pedido a Okonjo-Iweala seu “envolvimento pessoal” e “liderança” para que, na próxima reunião do Conselho Geral da OMC, nos dias 22 e 23 de maio, seja discutida a emissão do documento apresentado pelo Brasil para avançar nas negociações sobre agricultura.
Beraud disse que isso permitirá ter “um roteiro” para a 14ª conferência ministerial da OMC, que deverá ser realizada em 2026.
A 13ª Conferência Ministerial da OMC foi concluída em 2 de março, em Abu Dhabi, sem progressos em várias questões sensíveis, incluindo a agricultura. Embora a OMC tenha eliminado os subsídios às exportações agrícolas em 2015, muitos membros apelaram à abordagem das medidas internas dos países que distorcem o comércio.
Questionada por jornalistas, Okonjo-Iweala prometeu promover discussões que garantam que não faltam alimentos no mundo.
“Vamos trabalhar muito para avançar na negociação das questões de apoio interno, ou seja, reduzir os subsídios, permitir a concorrência, melhorar o acesso ao mercado e tornar a agricultura mais sustentável. Esperamos grandes progressos”, afirmou.
No seu discurso, Okonjo-Iweala opôs-se ao protecionismo e pediu para “reimaginar a globalização”.
“Precisamos descentralizar o fornecimento de cadeias de valor para países que não se beneficiaram da primeira onda de globalização”, enfatizou, sublinhando que a América Latina pode aproveitar estas novas oportunidades.