Começo o texto lamentando o recente registro no País das mais de 100 mil mortes pela Covid-19 e mais de 3 milhões de infectados. E, como cidadão, médico e político, fico indignado porque o Governo Federal, desde o início da pandemia, assumiu o negacionismo da doença, tratando-a como uma “gripezinha”, que, no entanto, já matou mais de 100 mil brasileiros.
Nesse momento, sou solidário às famílias e amigos enlutados. Que o Deus do Universo conforte a todos nós nessa tragédia coletiva. Sabemos que aqueles que partiram não são apenas números ou dados estatísticos, mas retratam histórias de vidas em famílias, comunidades, bairros e cidades ceifadas pela Covid-19 (SARs Cov-2) e que levou ao fim repentino de muitas alegrias, sonhos e projetos de vidas sem a devida despedida e o luto.
O que choca a maioria dos brasileiros é a convivência, a tolerância com as crises e as tragédias que acontecem no seu cotidiano. A exemplo da violência urbana, falta de saneamento básico e infraestrutura nas periferias das cidades, violência no trânsito, saúde pública em crise. Situações essas que com planejamento e vontade política podem e devem ser resolvidas e não, como ocorre atualmente, formando o nível de consciência do brasileiro como um trauma coletivo.
Assim, com tantas mortes, se perde a esperança no futuro, principalmente com um Governo Federal que toma medidas administrativas confusas, a exemplo da demissão de dois ministros da Saúde e que na pandemia mantém na pasta um ministro em exercício faz mais de 90 dias, que não é da área e que não centraliza as ações governamentais nessa fase crítica.
Nessa linha, o governo ignora a ciência, a medicina e a pesquisa e não vê que mantém o absurdo de mais de 1.000 mortes diárias, sendo urgentes, urgentíssimas ações prementes para que esse platô não seja aceito como normal. Isso seria evitado com o isolamento social, se o governo federal assumisse desde o início a rede de proteção social dos mais vulneráveis, testagens para isolar os casos ativos e identificar os contactantes.
Como vereador e médico defendo que o sistema de saúde tem que enfrentar os desafios através de investimentos contínuos, em pesquisa, ciência e qualificação dos profissionais do setor. Defendo ainda a criação de leis específicas para a pandemia – federal, estadual e municipal – porque outras pandemias podem vir e o homem continua a agredir o meio ambiente em que vive, o Planeta Terra.
Digo ainda que a pandemia mostra a verdadeira cara do Brasil, com suas desigualdades sociais. Aproveito para informar que apresentei, em maio desse ano, o Projeto de Indicação nº 274/2020 para que o Município do Salvador construa na Praça Castro Alves um Memorial em homenagem aos profissionais da saúde que faleceram em decorrência do trabalho e combate à Covid-19, também estendido às vítimas da doença e aos que se mantiveram vivos na linha de frente de combate à doença.
*Odiosvaldo Vigas (PDT) é vereador e gestor do Centro de Cultura da Câmara Municipal de Salvador.