O governo brasileiro afirmou, na última quarta-feira (6), que confia em que o tratado de livre comércio entre o Mercosul e União Europeia (UE) seja fechado em um “futuro próximo”, apesar da expectativa de anunciar o acordo em uma cúpula na quinta-feira no Rio de Janeiro.
Em uma reunião ministerial prévia ao encontro do Mercosul, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) disse que houve “avanços importantes” nas negociações com o bloco europeu sobre esse acordo que está há mais de duas décadas sobre a mesa e que criaria a maior zona de livre comércio do planeta.
“Destaco o compromisso de ambos os lados em prol de um entendimento equilibrado no futuro próximo e a partir das bases sólidas que construímos nos últimos meses de engajamento intenso”, disse Alckmin.
Por sua vez, o chanceler Mauro Vieira destacou a “dimensão estratégica” que o acordo comercial com a UE tem para o Mercosul, e apontou que espera que seja assinado “em breve”.
As declarações ocorreram um dia antes da cúpula de mandatários dos países-membros do Mercosul, durante a qual o Brasil, presidente pro tempore do bloco, esperava fechar o acordo.
Nas últimas semanas, as negociações entre o Mercosul – que além do Brasil, conta com Argentina, Paraguai e Uruguai – e o bloco de 27 países europeus se intensificaram, com avanços e um certo clima de consenso.
Nos últimos dias, porém, a França mostrou sua discordância com o texto atual, a Argentina considerou que “não estão dadas as condições” para sua conclusão, e, nos bastidores, os atores se responsabilizaram mutuamente pelo impasse.
Mesmo assim, ao longo desta semana, Lula manteve seu empenho para fechar o tratado no Rio.
“Eu não vou desistir enquanto não conversar com todos os presidentes e ouvir o ‘não’ de todos”, disse na segunda-feira em Berlim ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz.
Ao final da cúpula de quinta-feira, a UE e o Mercosul publicarão um comunicado conjunto, informou à AFP uma fonte da chancelaria brasileira, sem dar mais detalhes.
A UE e o Mersosul alinhavaram as linhas gerais de um pacto de livre comércio em 2019, após anos de negociações para convencer setores reticentes, como os agricultores franceses.
Mas as discordâncias ressurgiram e os europeus acrescentaram uma série de exigências ambientais ao Mercosul, especialmente para o Brasil, por causa da Amazônia.