A presidência brasileira do Brics concentrará esforços nas áreas de saúde, mudanças climáticas, comércio, inteligência artificial e fortalecimento institucional. A informação foi dada pelo embaixador Maurício Lyrio, sherpa do Brasil no grupo, durante uma entrevista coletiva na última sexta-feira (21).
A conversa com jornalistas aconteceu antes da Reunião de Sherpas do Brics, marcada para a próxima terça (25) e quarta-feira (26), em Brasília, que vai definir as prioridades do grupo e traçar os passos rumo à Cúpula de Líderes, que será realizada no Rio de Janeiro nos dias 6 e 7 de julho. O presidente Lula da Silva (PT) participará da reunião na quarta.
Maurício Lyrio também comentou sobre especulações a respeito da criação de uma moeda única entre os países, esclarecendo que o foco está na redução de custos e na ampliação da cooperação nas operações comerciais-financeiras das nações emergentes.
“É algo que já se desenvolve no Brics desde 2015 e nós continuamos a avançar, até porque o uso de moedas locais já é praxe no comércio bilateral entre membros do Brics. Vários membros já usam moedas locais no seu comércio bilateral, o que continuará no período da presidência brasileira”, disse.
O secretário do Itamaraty disse que, neste momento, o Brics não discutirá a criação de uma moeda comum para o bloco. “Não há acordos sobre o tema e também porque é muito complexo este processo. São economias grandes. Esse não é um tema fácil de administrar e, obviamente, há outras maneiras de redução de custos de operação”.
Segundo Lyrio, o posicionamento de não discutir uma moeda comum não está relacionado a declarações de autoridades internacionais, e que nada impede que os chefes das nações discutam o tema no futuro.
Recentemente, o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, ameaçou os países membros do bloco com tarifas de 100% sobre as importações deles, caso o grupo busque alternativa ao dólar nas negociações internacionais.
O bloco
Composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brics incorporou recentemente seis novos membros: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.
O grupo representa 48,5% da população e ocupa 35,6% do território global, além de ser responsável por cerca de 28% do PIB nominal.