O presidente Jair Bolsonaro (PL) vai intensificar os ataques aos escândalos de corrupção das gestões petistas e prepara estratégias segundo Jussara Soares , do O Globo, para desestabilizar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o debate da TV Globo, na sexta-feira, antevéspera do segundo turno. O programa é visto como a última oportunidade para se criar um fato com potencial de alterar a reta final da eleição.
Os estrategistas que atuam na chapa à reeleição estão modulando com Bolsonaro o melhor tom para ele adotar ao longo do último confronto com o seu adversário. A ideia é que ele consiga ser incisivo sem parecer agressivo, como parte do plano para tentar tirar Lula do sério.
Com esse mesmo objetivo, Bolsonaro também lançará mão de investidas gestuais, como fez no debate da Band, duas semanas atrás. Na ocasião, ele pousou a mão nos ombros do adversário, o que deixou o petista desconfortável, e mais de uma vez o chamou de “Seu Lula”. O presidente deverá fazer o mesmo agora. Também deverá usar de ironias para irritar o ex-presidente.
Aliados de Bolsonaro apostam que, se Lula morder a isca e demonstrar irritação, o episódio pode gerar danos à imagem do petista. Atenta possibilidades como essa, a campanha bolsonarista está preparada para reverberar nas redes sociais, em tempo real, as situações favoráveis ao presidente que ocorrerem no debate, na tentativa de amplificar a repercussão.
O derradeiro confronto com Lula é visto com a chance de Bolsonaro reverter o cenário adverso da última semana. Nos últimos dias, ele ficou acossado por episódios como o ataque a tiros e granadas do ex-deputado Roberto Jefferson, aliado do presidente, a Policiais Federais. Também causou desgastes ao postulante à reeleição o vazamento do plano do ministro da Economia, Paulo Guedes, de desvincular a correção do salário mínimo e da aposentadoria da inflação.
Economia x Jefferson
Ainda com o objetivo de rebater as más notícias, Bolsonaro deverá aproveitar o espaço para destacar propostas voltadas à economia, sobretudo as caras à população mais pobre. Segundo integrantes da campanha, a repercussão envolvendo a desindexação do salário mínimo da inflação teve um impacto muito maior nas intenções de votos do que o caso envolvendo Roberto Jefferson.
Mais uma vez, como ocorreu nos outros programas do tipo, Bolsonaro deve explorar os casos de corrupção ocorridos nos governos petistas. No debate da Band, esse foi o tema em que Lula se saiu pior. Por outro lado, o presidente está sendo orientado a apresentar respostas mais contundentes quando cobrado sobre sua gestão durante a pandemia, assunto que lhe gerou mais prejuízos no programa da Band.
Uma equipe do QG bolsonarista faz um levantamento dos principais temas a serem explorados no debate, e ministros são convocados a repassar assuntos sensíveis com o presidente. A expectativa da campanha é que Bolsonaro reserve um tempo para treinar alguns comandos a partir de quinta-feira, quando já estará no Rio.
Na preparação para o programa, Bolsonaro será auxiliado pelo ministro das Comunicações, Fabio Faria; o ex-secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, e o filho dele, Carlos Bolsonaro. O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também fazem recomendações. Desde o início do segundo turno, o coach e deputado eleito Pablo Marçal (PROS-SP) também passou a integrar o time de preparação de Bolsonaro.