De ataques com drones a envenenamento de comida, passando por perseguição do Judiciário e a possibilidade de um novo ataque a facadas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou conhecido, entre outras coisas, pelo seu comportamento paranoico. No último episódio de tal natureza, ocorrido na semana passada mas que só veio a público nesta segunda-feira (5), Bolsonaro teria segundo informações da Rede Brasil Atual e revista Veja, quebrado um protocolo e exigido, através de homens do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que funcionário de restaurante provasse seu prato antes de que fosse servido ao mandatário.
O caso ocorreu na última terça-feira (29). Na ocasião Bolsonaro foi a um restaurante em Brasília, para confraternização do PL, seu partido. Antes de confirmar sua presença ao evento, agentes do GSI fizeram uma varredura no local, o que é procedimento padrão. O incomum foi justamente terem exigido que um dos funcionários provasse, diante do agentes, um prato de salada que seria servido ao presidente.
A Veja confirmou que o funcionário do restaurante colaborou com o procedimento e só então Bolsonaro pôde alimentar-se. Além disso, relembrou que desde 2019 o atual presidente adota semelhante medida, para assegurar que sua comida não está envenenada, no próprio Palácio do Alvorada e que o “provador” do presidente deve ser um funcionário da própria presidência.
Nova facada, ataques com drones e perseguição judicial
Ao longo do seu mandato, que acaba em menos de um mês, Bolsonaro colecionou declarações em que fez transparecer suas paranoias ao público, como quando após o primeiro turno das eleições deste ano reuniu a imprensa no Palácio da Alvorada para atacar o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PL) e aproveitou para dizer que passava apuros em nome do Brasil. Segundo o mandatário, antes que o GSI proporcionasse um esquema de segurança adequado, ele temia frequentar as áreas externas do Alvorada por conta de supostos ataques com drones.
?Bolsonaro perde o controle e critica falta de anúncio de ministros por parte de Lula.
— Central Eleitoral (@CentralEleicoes) October 7, 2022
Desde o atentado sofrido em Juiz de Fora durante a campanha eleitoral de 2018, em que foi alvo de uma facada que o deixou por vários dias em estado grave, Bolsonaro teme todo tipo de ataque. Desde envenenamentos e drones, como vimos, até uma nova facada ou supostas perseguições judiciais que desemboquem, invariavelmente, na sua inelegibilidade ou na investigação de supostos crimes cometidos durante o mandato. Por isso, por exemplo, tanta com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), através da sua principal figura, o ministro Alexandre de Moraes.
“O paranoide mimetiza vários traços da paranoia”, explicou Christian Dunker, psicanalista e professor da USP, para a Rede Brasil Atual em junho passado. “Bolsonaro tem um discurso paranoide, uma produção contínua de inimigos. Então, faz uma projeção da culpa nos outros. Tudo o que é bom está em torno do ‘nós’, e o que não é bom – e ameaça o ‘nós’, ‘nossa família’ e ‘nossos valores’ – é identificado como o ‘outro ou eles’”.