O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), afirmou nesta última sexta-feira (5) em entrevista a Cristiane Agostine, do jornal Valor, que o indiciamento de Jair Bolsonaro (PL) no inquérito que investiga a venda de joias recebidas durante o mandato do ex-presidente representa a “autonomia da atuação da Polícia Federal” e o “funcionamento das instituições”. Padilha afirmou que Bolsonaro deve responder pelos crimes pelos quais foi indiciado.
“Vimos [o indiciamento de Bolsonaro] como o funcionamento com autonomia do trabalho da Polícia Federal”, disse Padilha, ao falar com jornalistas depois de evento do governo federal em Diadema (SP). “O ex-presidente tem que responder pelos crimes pelos quais está sendo indiciado, pelos crimes cometidos. O papel do governo é garantir que a democracia, que foi salva no país, dê tranquilidade para as instituições, seja para a Polícia Federal ou o Judiciário, poderem agir contra qualquer crime cometido no país”, declarou.
Padilha disse que Bolsonaro atentou contra a democracia quando estava no poder.
Na quinta-feira, Bolsonaro e outras 11 pessoas foram indiciadas no inquérito das joias. A investigação apura se o ex-presidente e ex-assessores dele se apropriaram de forma indevida de joias recebidas quando Bolsonaro estava no comando do país. O ex-presidente foi indiciado pelos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro, segundo informações da Polícia Federal. Nesta sexta, a PF encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o relatório final do inquérito. A Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda precisa se manifestar sobre a investigação.
Parte dos indiciados criticou o vazamento do relatório antes do envio ao STF. Bolsonaro ainda não se manifestou sobre o indiciamento. Em manifestações passadas, sua defesa negou que tenha havido apropriação indevida, já que o então presidente teria seguido as regras vigentes sobre o assunto. Os advogados sustentam ainda que Bolsonaro não recebeu nenhum valor relacionado às peças nem deu autorização para que seus auxiliares as vendessem.
Lula na Bolívia
O ministro afirmou ainda que o presidente Lula deve visitar na próxima semana a Bolívia e viajará para a cúpula do Mercosul no Paraguai. Segundo Padilha, a visita à Bolívia será para reforçar a parceria com o país e a “defesa da democracia”.
Recentemente, a Bolívia enfrentou uma tentativa de golpe de Estado, que foi frustrada. “É importante para a gente dizer claramente que o futuro econômico e social da América Latina passa pela defesa da democracia”, disse o ministro.