O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou nesta quinta-feira (27), em suas redes sociais, o trecho de um vídeo de 2021 em que o ex-ministro José Dirceu (PT) se refere à facada de Adélio Bispo, em 2018, como “um dos erros nossos”. As informações são de Rafael Capanema, da Folhapress.
Apesar de não ter incluído legenda nem no Twitter, nem no Instagram, Bolsonaro manteve nas publicações o título usado por um site que reproduziu a fala do petista: “José Dirceu (PT) assume: ‘Facada em Bolsonaro foi erro nosso’”.
Alguns seguidores interpretaram o post como se o PT ou Dirceu estivessem confessando a culpa pelo crime.
O mesmo trecho já havia sido compartilhado, em agosto de 2021, pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o filho do ex-presidente que se notabilizou por comandar a estratégia digital do pai.
À época, Dirceu foi ao Twittter para esclarecer o que havia tentado dizer.
“Minha fala é uma lista de fatos imprevisíveis na política, que poderiam impedir a eleição do Lula ou do Haddad em 2018. Dentre eles, possíveis erros nossos E a facada em Bolsonaro. Coisas diferentes, compondo a mesma listagem de fatos imprevisíveis”, escreveu.
E concluiu: “Só não entenderá quem não sabe interpretar frases (ou sabe mas distorce de propósito).”
O trecho compartilhado pela família Bolsonaro foi retirado de uma entrevista que o petista concedeu ao canal Tutaméia, no YouTube, transmitida ao vivo em abril de 2021. A fala começa aos 41 minutos e 38 segundos.
Investigação sobre facada
Em 6 de setembro de 2018, Bolsonaro sofreu uma facada durante ato em Juiz de Fora, no interior de Minas Gerais. Foi atingido no abdômen e precisou passar por três cirurgias.
O autor do crime, Adélio Bispo de Oliveira, foi preso e absolvido por ser considerado inimputável devido a problemas psicológicos.
O delegado Rodrigo Morais Fernandes concluiu por duas vezes que não houve mandante no atentado.
Apesar das reiteradas afirmações da PF de que Adélio agiu sozinho, o ex-chefe do Executivo nunca deixou de levantar suspeita de que havia um mandante por trás do crime.
Em abril de 2020, chegou a fazer críticas públicas à investigação da corporação. “Vai ser reaberta a investigação. Vai fazer a investigação. Foi negligenciado. A conclusão foi o ‘lobo solitário’. Como é que pode o ‘lobo solitário’ com três advogados, com quatro celulares, inclusive andando pelo Brasil?”, disse Bolsonaro a uma apoiadora que o questionou sobre o assunto na ocasião.
A conclusão de Fernandes pelo ato solo de Adélio baseia-se na análise de quebras de sigilos do autor do crime e de pessoas que poderiam ter alguma ligação com o ato, além de uma análise exaustiva das imagens do dia do atentado.
A PF diz que fez perícia em computadores da lan house que Adélio frequentava, analisou 2 terabytes de imagens de Juiz de Fora (MG) e mais de 250 gigabytes de informações em mídia e avaliou emails e mensagens em aplicativos de conversa.