Segundo José Casado, da revista Veja, já existem sinais de mudanças no rumo da disputa presidencial. O duelo eleitoral entre Lula e Bolsonaro se consolida com tendência à rápida redução da distância entre eles, indica o instituto Quaest em pesquisa divulgada ontem, baseada em duas mil entrevistas entrevistas presenciais em todo o país.
Lula lidera com sete pontos percentuais de vantagem quando os eleitores são convidados a indicar um candidato preferencial. Alcança 31% das intenções de voto, estável em relação à posição de junho — a margem de erro é de dois pontos.
Bolsonaro fica com 24% das menções espontâneas. Surpreende com um avanço de quatro pontos em um mês. É a sua melhor marca no histórico da pesquisa.
Notável, também, é que a 11 semanas do primeiro turno, quatro de cada dez eleitores ainda se declaram indecisos. Donos de quase 60 milhões de votos, podem decidir a eleição.
No voto estimulado, quando o eleitor recebe uma listagem de nomes para escolha, a diferença entre os dois candidatos mais destacados é de 14 pontos, com uma queda (dois pontos) dentro da margem de erro. E somente 6% se declaram indecisos.
Os principais movimentos detectados nessa pesquisa estão relacionados à evolução da preferência por Bolsonaro. Ele avança. Conseguiu reduzir (em sete pontos) a taxa de rejeição eleitoral durante o primeiro semestre. Ela continua recorde (59%) para um candidato, mas está abaixo do patamar de janeiro (66%).
Isso se deve, basicamente, às mudanças observadas no eleitorado feminino. Bolsonaro tomou uma fatia do voto de eleitoras que no mês passado diziam preferir Lula. A diferença entre eles caiu significativamente (de 28 para 19 pontos) nas últimas quatro semanas.
Os reflexos são perceptíveis nos mapas regionais. Lula continua líder isolado no Nordeste, com 59% de preferência para os 39,2 milhões de votos disponíveis.
Perdeu o equivalente a pouco mais de dois milhões no mês passado, quando liderava com 68%. E Bolsonaro cresceu sete pontos percentuais (de 15% para 22%) no eleitorado nordestino.
O embate mais acirrado está ocorrendo mesmo é no Sudeste, onde se concentra quase metade dos eleitores, donos de 63 milhões de votos. Caiu pela metade a distância entre eles.
Em junho, Lula tinha vantagem de dez pontos em relação a Bolsonaro. Na semana passada essa distância era de cinco pontos.
Os resultados da Quaest serviram de alento a Bolsonaro que, ontem, discutiu com aliados uma ampliação do seu pacote de emergência econômica e eleitoral.
Parte dele já passou incólume no Senado, com apoio da oposição, e está em discussão na Câmara, onde se prevê aprovação, de novo, com o auxílio dos adversários.