O presidente Jair Bolsonaro recebeu na tarde desta quinta-feira (19), no Palácio da Alvorada, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
A assessoria do ministro confirmou o encontro no Alvorada, porém o tema da reunião não informado.
Em recuperação de uma cirurgia para corrigir uma hérnia, feita no dia 8 em São Paulo, Bolsonaro tem recebido ministros, auxiliares e parlamentares na residência oficial.
O encontro com Moro ocorreu após a Polícia Federal realizar operação, nesta quinta, que teve como alvo o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo no Senado. A PF é subordinada ao Ministério da Justiça.
Em razão da operação, Bezerra colocou o cargo à disposição de Bolsonaro, mas o Planalto ainda não informou se o parlamentar continuará na função.
Nesta quinta pela manhã, agentes da PF fizeram buscas e apreensões no gabinete do senador e nas casas dele, em Brasília e no Recife (PE). Também foi alvo de mandados o filho do parlamentar, o deputado federal Fernando Bezerra Coelho Filho (DEM-PE).
Chamada de Desintegração, a operação se baseou em delações premiadas de outra operação, a Turbulência, deflagrada em junho de 2016. Um dos delatores é o empresário João Lyra, apontado em investigações como operador financeiro de supostos esquemas criminosos em Pernambuco.
As denúncias apontam irregularidades em obras no Nordeste, como a transposição do Rio São Francisco, no período em que Bezerra foi ministro da Integração Nacional, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Por meio de nota, o advogado do senador Bezerra Coelho, André Callegari, afirmou que as medidas se referem a “fatos pretéritos”. Segundo ele, o que motivou a ação da PF foi “a atuação política e combativa do senador” contra interesses de “órgãos de persecução penal”.
Comando da PF
Também nesta quinta voltou de férias o diretor-geral da PF, Mauricio Valeixo. Segundo o blog da jornalista Andréia Sadi, colunista do G1 e da Globo News, Moro conseguiu reverter, por enquanto, a ideia do presidente Jair Bolsonaro de demitir Valeixo.
Moro e Bolsonaro estiveram juntos nesta semana, após o retorno do presidente à Brasília. Os dois já haviam se encontrado em São Paulo, no período em que Bolsonaro ficou internado após a cirurgia, a quarta desde que sofreu uma facada na barriga durante a eleição de 2018.
Escolhido por Moro para assumir a PF, Valeixo teve a possibilidade de demissão levantada pelo próprio Bolsonaro, que defendeu “arejar” o governo, o que incluiria a Polícia Federal.
Discurso na ONU
Bolsonaro voltou a se reunir nesta quinta com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O chanceler auxilia o presidente na redação do discurso a ser proferido na abertura dos debates da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na próxima terça-feira (24) em Nova York.
O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) também visitou Bolsonaro para dar informações a respeito do agronegócio e da preservação ambiental, tema que será abordado no discurso.
De acordo com o porta-voz do Planalto, Otávio do Rêgo Barros, o texto a ser lido pelo presidente na ONU visará esclarecer “de uma vez por todas” a “questão Brasil versus meio ambiente”. O próprio Bolsonaro tem dito que irá defender a soberania dos países da região amazônica em decisões relacionadas à proteção da floresta.
O presidente tem previsão de realizar uma avaliação médica na sexta-feira (20), que será determinante para confirmar a ida aos Estados Unidos.