O porta-voz da Presidência da República, general Otávio Rêgo Barros, disse, neste domingo (8), que o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), não deve despachar enquanto estiver se recuperando em São Paulo. Ele foi à capital paulista corrigir uma hérnia abdominal que surgiu após a facada que levou, em setembro do ano passado. A cirurgia durou mais de cinco horas e foi “bem-sucedida”.
“A estrutura do hospital é excepcional. Temos condição de despacho normal. Mas há questões procedimentais médicas que vão exigir o descanso do presidente. Queremos que ele possa exercer a presidência a partir de Brasília”, disse Barros.
A previsão de alta médica do presidente é de cinco dias (quinta-feira, 12/09/2019 ). No entanto, ele só deve viajar em sete dias ou, no mais tardar, 10 dias, informou Barros. Ainda não se sabe se o primeiro destino será Brasília ou Rio de Janeiro, onde tem familiares. Mesmo com alta clínica, informou o porta-voz, Bolsonaro ficará no hospital para ser monitorado pela equipe médica.
Na lista de recomendações médicas, além de repouso, há a suspensão provisória de visitas, ao menos nesse momento.”Não ha proibição de visitas, mas compreendemos que isto deve ser evitado”, esclareceu Barros, que negou qualquer encontro com autoridades nos próximos dias.
Sem complicação
O cirurgião Luiz Macedo (à direita, na foto em destaque), que fez a cirurgia acompanhado de sua equipe, afirmou que o presidente será analisado diariamente com exames clínicos. Não está prevista a realização de exames de imagens nos próximos dias. Segundo o médico, Bolsonaro começará uma dieta líquida a partir de segunda-feira (09/09/2019) e ficará em observação.
“Foi feita a aplicação de uma tela de reforço. Devido à facada, a parede abdominal dele ficou enfraquecida, o que resultou na hérnia”, explicou Macedo. O cirurgião negou que o ritmo de trabalho e a rotina do presidente tenham sido responsáveis pela complicação. “Ele está muito bem do ponto de vista clínico”, ressaltou.
Segundo o médico, é comum que surjam hérnias em regiões nas quais foram realizadas muitas cirurgias. Ele informou que há a possibilidade de a complicação voltar, mas é pouco provável. “Mas [a chance] não é superior a 6%. O tecido que conseguimos reforçar é um tecido bem vivo, musculoso e forte. É difícil imaginar, mas na medicina sempre há uma possibilidade”, justificou.
Apesar da previsão inicial de duração da cirurgia ter sido de duas horas, o procedimento durou pouco mais de cinco. Macedo disse que é algo “normal” e negou qualquer complicação: “O importante é ficar bem feito. Normalmente uma hérnia não demora tudo isso que demorou. Mas demora o tempo que precisar demorar, duas, quatro, oito horas”.
Enquanto Bolsonaro estiver se recuperando, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, assume o cargo ao menos até quinta-feira (12).
Quadro estável
O procedimento teve início às 7h35 e foi encerrado às 12h40, informou a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto. Em nota, o hospital disse que a cirurgia foi “bem-sucedida” e que a técnica utilizada pela equipe foi a herniorrafia incisional com implantação de tela. De acordo com a unidade, Bolsonaro apresenta quadro clínico estável.
A hérnia incisional ocorre geralmente após um procedimento cirúrgico na cicatriz onde foi realizado o corte. Por isso, a parede muscular do abdômen fica enfraquecida, resultando em uma “cavidade” interna, próximo ao tecido, que pode ser ocupada por algum dos órgãos da região.
Bolsonaro chegou à capital paulista na noite de sábado (7), após participar do desfile do Dia da Independência. Na sexta (6), ele passou o dia em dieta líquida por orientação médica, a fim de se preparar para o procedimento.