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terça-feira 18 de outubro de 2022 às 13:45h

Bolsonaro intensifica avanço nas capitais e alcança empate com Lula, mostra pesquisa Ipec

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O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, está tecnicamente empatado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre os eleitores das capitais do país. De acordo com a última pesquisa do Ipec (ex-Ibope), divulgada nesta última segunda-feira pela TV Globo, o petista tem 47% das intenções de voto para o segundo turno, contra 45% do atual chefe do Executivo. Segundo a coluna Pulso, a margem de erro geral da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou menos, mas difere para cada segmento do eleitorado analisado separadamente.

Quando as campanhas foram oficialmente iniciadas, na metade de agosto, Bolsonaro aparecia 15 pontos percentuais atrás de Lula na simulação de segundo turno feita pelo Ipec com eleitores das capitais. Os levantamentos daquele estágio das campanhas não são diretamente comparáveis com as sondagens feitas após a votação do dia 2, mas ajudam a entender o quadro completo da disputa.

O candidato à reeleição encurtou a distância para o petista em quatro pontos percentuais entre aquela pesquisa de meados de agosto e a primeira feita pelo Ipec para o segundo turno, divulgada no dia 5 de outubro. Nas semanas seguintes, a vantagem do ex-presidente caiu mais nove pontos.

Crescer nos grandes centros urbanos é especialmente importante para a campanha de Bolsonaro tentar compensar a desvantagem para Lula nas cidades periféricas (de 13 pontos percentuais, segundo o Ipec) e nos municípios do interior (de sete pontos).

O cientista político Renato Dorgan, do Instituto Travessia, diz que há nas grandes cidades maior abertura para ideias progressistas, o que, em teoria, favorece Lula. Também pesa para a votação do ex-presidente nas capitais a “densidade da pobreza” nas regiões metropolitanas, uma vez que o petista tem a preferência da maioria do eleitorado de baixa renda. Por outro lado, Bolsonaro acaba atraindo o eleitor mais conservador e identificado com a parcela das classes média e alta que rejeita a ideia do assistencialismo estatal:

— O Lula tem propostas diretas só para as classes C e D. Ele não conversa com as classes B e A. Ele sinaliza o tempo todo que é um governo para as massas. E a classe média alta não se sente confortável, ela não olha para os mais pobres como alguém próximo dela. Ela acha que políticas sociais e a ajuda às classes mais baixas quer dizer tirar algo que é dela. O Bolsonaro faz uma eleição toda pautada na classe média e as grandes capitais têm uma classe média densa. Na reta final, o voto desse eleitorado foi para o Bolsonaro.

Símbolo de urbanização no país, a cidade de São Paulo deu para Lula 657.919 votos a mais que o total recebido por Bolsonaro no primeiro turno. No estado, por outro lado, o atual presidente foi o mais votado, com 47,71% dos votos válidos (contra 40,89% do petista). Dorgan atribui esse distanciamento entre as votações da capital e do resto do estado ao conservadorismo no interior, inclusive dentro da Igreja Católica.

— O interior é tradicionalmente mais conservador, mais religioso também. E a Igreja Católica fora dos grandes centros não é tão progressista. É muito mais tradicional, mais ligada às elites. Na capital se vê uma igreja mais aberta, democrática, que tem uma visão maior para o assistencialismo e caridade. E o interior também se pauta muito pelo agronegócio, onde o PT carrega um estigma ligado à invasão de terras, ao risco rural — analisa.

No primeiro turno, Bolsonaro foi o candidato mais votado em 15 capitais, além de Brasília, no Distrito Federal. Lula venceu em 11, quase todas no Nordeste (as exceções foram Porto Alegre e Belém, além da já mencionada São Paulo).

Dorgan chama a atenção para a existência de um grupo minoritário de pessoas que veem no voto em Bolsonaro uma maneira de manifestar status social, uma vez que Lula tem maior apoio nas camadas de baixa renda. Mesmo eleitores pobres, mas que não se veem assim, às vezes se mostram suscetíveis a reproduzir a opinião dos mais ricos para se diferenciar. Um raciocínio semelhante pode se reproduzir entre eleitores de cidades periféricas que se identificam ou almejam estar nos grandes centros urbanos.

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