A declaração de apoio a Lula (PT) na corrida presidencial feita por Anitta no último dia 11, bem como as repercussões desse movimento, foram capitalizadas segundo o jornalista Lauro Jardim, do O Globo, de maneira mais eficiente por Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores do que pelo próprio petista. É o que indica um levantamento inédito feito por pesquisadores da PUC-RJ, da UFF e da UFPR com base em conteúdos publicados no TikTok, Youtube e Facebook na última semana.
A pesquisa comparou vídeos protagonizados pelos presidenciáveis nas três plataformas e turbinados em audiência por seus admiradores. Lula comemorou o suporte de Anitta e disse que precisará “aprender alguns passinhos”, numa referência ao talento dela na dança. Já o atual mandatário concedeu uma entrevista à CNN Brasil em que ironizou a artista por defender a legalização da maconha (e sugerir que levaria a proposta a Lula) e ter afirmado que ocuparia o lugar de Paulo Guedes no Ministério da Economia.
Liderando as interações, Bolsonaro conquistou 7,2 milhões de visualizações no TikTok, em sua própria conta, contra 292,4 mil de Lula — uma vantagem 25 vezes maior entre o público bolsonarista. A disparidade também foi expressiva em outros índices, sempre em desfavor de Lula e com benefícios para Bolsonaro: nas curtidas (554 mil ante 45,4 mil); nos compartilhamentos (45,6 mil contra 3 mil) e nos comentários (15,9 mil e 2,2 mil).
O mesmo aconteceu no Youtube. Um vídeo publicado pela Jovem Pan, repercutindo as falas de Bolsonaro sobre Anitta, teve 1 milhão de visualizações. Lula foi visto 95,7 mil vezes ao falar da cantora em seu canal na plataforma. Bolsonaristas deixaram 86 mil curtidas e 5,4 mil comentários. Lulistas conseguiram 5,3 mil “likes” e mil mensagens.
No Facebook, o efeito foi semelhante, com menor diferença entre os dois grupos. Um trecho dos comentários de Bolsonaro, publicado pelo deputado federal Nelson Barbudo (PL-MT), teve 481 mil visualizações e 20 mil comentários. Na página oficial de Lula, a “aliança” com Anitta teve 403 mil views e 11 mil mensagens dos usuários.
O levantamento é assinado por Marcelo Alves (professor do Departamento de Comunicação da PUC-RJ); Luiza Mello (doutoranda em Comunicação pela UFF) e Djiovanni Marioto (doutorando em Ciência Política pela UFPR). Eles integram o coletivo Democracia em Xeque.