“Entregava para a Globo as coisas há muito tempo. É um homem que tinha peças de relatórios parciais, de coisas que eu passava para ele. Entregar pra Globo isso? Isso é um crime federal, talvez incurso na Lei de Segurança Nacional”, afirmou o presidente, sem especificar a que se referia.
Moro deixou o governo no último 24 após Bolsonaro demitir o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Segundo o ex-ministro, a intenção do presidente era ter alguém de sua confiança no cargo, que pudesse lhe prestar informações de inteligência. Na segunda-feira, Rolando Souza assumiu o comando da corporação.
“Em nenhum momento pedi relatório de inquérito. Isso é mentira deslavada por parte dele. Mentira deslavada. Tenho até vergonha de falar isso daqui. Até ele diz que pedi numa reunião de ministros. Numa reunião de ministros a gente ia pedir algo ilegal?”, afirmou o presidente.
Questionado sobre o depoimento que o ex-ministro deu à PF em que sustenta as acusações de tentativa de interferência, Bolsonaro disse que ainda não havia visto ainda e que ligaria para seu advogado.
A conversa no WhatsApp exibida pelo presidente aos jornalistas mostra uma continuação das mensagens que o próprio ex-ministro já havia divulgado como prova de que Bolsonaro cobrava a troca de Valeixo.
Na parte divulgada no dia da demissão por Moro, Bolsonaro envia ao seu então ministro da Justiça um link de uma notícia do site O Antagonista sobre uma investigação envolvendo deputados bolsonaristas. Na sequência, escreve: “Mais um motivo para a troca. Em seguida, Moro explica ao presidente que as diligências foram determinadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, no inquérito das fake news.
Na conversa exibida por Bolsonaro, horas depois da primeira troca de mensagens, Moro também comenta que a notícia trata-se de “fofoca”. “Isso eh fofoca. Tem um DPF (delegado da Polícia Federal) atuando por requisição no inquérito da fake news e que foi requisitado pelo Min Alexandre (ministro Alexandre de Mores, do STF)”, diz a primeira mensagem. “Não tem como negar o atendimento ah requisição”, completa Moro, segundo a mensagem exibida no celular de Bolsonaro.
Segundo o presidente, a mensagem configura que o então ministro tinha informações privilegiadas sobre o caso. “O Moro diz que isso é fofoca porque ele tem informações privilegiadas. Ele diz que esse inquérito que existe no Supremo não tem nome de deputado federal nenhum”, afirmou Bolsonaro.
A exemplo do que ocorreu quando falou a jornalistas pela manhã, o presidente se recusou a responder perguntas de jornalistas. Ele, no entanto, pediu desculpas por ter mandado repórteres “calarem a boca”.