O script não é novo, e todos que se informam adequadamente já conhecem o roteiro traçado pela segunda turma do STF, para anular as sentenças do ex-juiz Sergio Moro na Lava Jato, tornando, assim, o padrinho político de Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, o multi-réu penal, corrupto e lavador de dinheiro já condenado em duas instâncias a quase 30 anos de prisão, o ex-presidente da República – provisoriamente em liberdade – Lula da Silva, inocente de todos os crimes que cometeu, possibilitando, portanto, como “ficha limpa”, que dispute as eleições e ocupe qualquer cargo público, inclusive ministro da Justiça ou presidente da Petrobras.
Desde que o ministro Gilmar Mendes reviu seu voto e permitiu a soltura do chefe da quadrilha petista, conforme definiu o Ministério Público Federal, especulava-se a possibilidade de Lula tornar-se novamente candidato à Presidência. O que ninguém poderia imaginar – e esperar – é que justamente Jair Bolsonaro, o mito de pés de barro que combateria a corrupção e apoiaria a Lava Jato, viesse a se tornar o algoz da Justiça e aliado fiel daqueles que desejam a vitória da impunidade. O devoto da cloroquina, inclusive, agora é parceiro de futebol pela TV e fatias de pizza de Gilmar Mendes, coincidentemente o ministro que proferiu decisões favoráveis ao bolsokid das rachadinhas, Flávio Bolsonaro, o recordista mundial de venda de panetones de chocolate em dinheiro vivo e de depósitos fracionados de 2 mil reais efetuados por Queiroz.
Após se livrar do incômodo entrave a interferências nada republicanas na Polícia Federal, ou seja, o ex-ministro Sergio Moro, Bolsonaro, que até hoje não explicou os tais “micheques” na conta de sua esposa, nomeou ferrenhos adversários da Lava Jato para cargos-chave, como Augusto Aras, para a PGR, e Cássio Nunes Marques, para o STF, ambos próximos do PT ou de dirigentes petistas. Ato contínuo, por determinação expressa de Aras, a Lava Jato foi dada como encerrada, e a segunda turma do STF irá decidir, com o “Voto de Minerva” de Marques, se Moro comportou-se de forma suspeita e se Lula assistirá, confortavelmente, a anulação de todos os seus processos. O Brasil não é mesmo para amadores, senhoras e senhores.
Esse é o desenho e o desejo de Bolsonaro e de Lula; de bolsonaristas e de petistas. Não à toa estarem tão próximos e tão afinados ultimamente. Um depende do outro. O maníaco do tratamento precoce precisa chegar ao segundo turno de 2022 contra Lula – ou alguém muito próximo e indicado por ele – como ocorreu em 2018, com Fernando Haddad. Esse é o único cenário em que se elegeria com folga. E a única forma de o corrupto de São Bernardo voltar a ser competitivo é justamente contra o psicopata negacionista que hoje ocupa o Planalto.
Se tudo der certo para “elles” (Collor, inclusive!), chegaremos às próximas eleições presos no calabouço da miséria, do atraso, da corrupção e da impunidade, e sem chance de saída que não passe por mais miséria, mais atraso, mais corrupção e mais impunidade. Ao menos até o dia em que os brasileiros acordarem e deixarem de votar em mitos, em pais e mães, em trastes populistas, em criminosos e cúmplices.