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quarta-feira 13 de maio de 2020 às 11:09h

Bolsonaro diz que Ramos errou sobre menção à PF e põe fim as reuniões

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 O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quarta-feira (13) que seu ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, “se equivocou” ao dizer que houve menção à Polícia Federal na reunião ministerial de 22 de abril.

Segundo Ramos e o general Augusto Heleno, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que prestaram depoimento nesta terça-feira (12), Bolsonaro mencionou o nome da PF ao cobrar relatórios de inteligência.

Nesta terça, Bolsonaro declarou em entrevista: “Não existe no vídeo a palavra Polícia Federal, nem superintendência. Não existem essas palavras”.De acordo com Ramos, na reunião de 22 de abril, Bolsonaro “se manifestou de forma contundente sobre a qualidade dos relatórios de inteligência produzidos pela Abin [Agência Brasileira de Inteligência], Forças Armadas, Polícia Federal, entre outros”.

Segundo ele, Bolsonaro ainda “acrescentou que, para melhorar a qualidade dos relatórios, na condição de presidente da República, iria interferir em todos os ministérios para obter melhores resultados de cada ministro”.”Vocês precisam estar comigo”, disse Bolsonaro, de acordo com o depoimento do ministro Ramos, a que a Folha teve acesso.

Assim como na terça, nesta quarta-feira o presidente voltou a negar qualquer menção à Polícia Federal.”O Ramos se equivocou. Mas como é reunião, eu tenho o vídeo. O Ramos, se ele falou isso, se equivocou”, afirmou.Diante dos desdobramentos da reunião de 22 de abril, Bolsonaro já não permitiu a gravação da reunião desta terça-feira e anunciou que não realizaria mais reuniões do conselho do governo, colegiado que reúne todos os ministros.

Segundo Bolsonaro, as reuniões agora serão individuais. Uma vez por mês, após a cerimônia de hasteamento da Bandeira Nacional em frente ao Palácio do Alvorada, ele afirmou que tomará um café da manhã com sua equipe, o que chamou de “uma confraternização mensal de ministros”.

Bolsonaro também afirmou que, por ele, o vídeo da reunião do dia 22 pode ser divulgado, mas apenas o trecho que é alvo do processo.”Vou levar, aproveitando a tua sugestão aí, ao AGU [advogado-geral da União], o ministro [José] Levi, se a gente pode divulgar essa parte. Se eu não me engano, o Celso de Mello [ministro do STF] ontem oficiou aí o advogado do Moro, a AGU e a Justiça exatamente para ver se a gente entra nessa linha para divulgar, mesmo com os palavrões que eu falo sempre”, disse Bolsonaro.

Segundo pessoas que tiveram acesso à gravação do vídeo, Bolsonaro vinculou a mudança do superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro a uma proteção de sua família, em reunião ministerial gravada pelo Planalto no dia 22 de abril.

De acordo com esses relatos, Bolsonaro usou, na reunião, o verbo “foder” ao falar do impacto de uma possível perseguição a seus familiares.Ele então disse que, antes disso, trocaria todos da “segurança” do Rio, o chefe da área e até o ministro – na época, o da Justiça era Sergio Moro, que deixou o governo dois dias depois daquela reunião ministerial.

Na interpretação de quem assistiu ao vídeo, as palavras foram um recado a Moro.O presidente, segundo pessoas que tiveram acesso à gravação, disse que não poderia ser “surpreendido” porque, de acordo com ele, a PF não repassava informações.O vídeo da reunião foi exibido nesta terça-feira (12) na PF em Brasília.

Moro acompanhou presencialmente a exibição ao lado de integrantes da PGR (Procuradoria-Geral da República), advogados do ex-ministro e integrantes do governo federal e da PF.A gravação, ainda sob sigilo, é parte do inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre as acusações de interferência na Polícia Federal que Moro fez a Bolsonaro.

O vídeo da reunião foi exibido nesta terça-feira na Polícia Federal em Brasília. Sergio Moro acompanhou presencialmente ao lado de integrantes da PGR (Procuradoria-Geral da República), advogados do ex-ministro e integrantes do governo federal, além de policiais federais.O vídeo do encontro, ainda sob sigilo, faz parte do inquérito que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre as acusações que Moro fez a Bolsonaro de interferência na Polícia Federal.

O ex-juiz da Lava Jato deixou o Ministério da Justiça no dia 24 de abril acusando o presidente.Após apuração da PF, a PGR avalia se haverá acusação contra Bolsonaro. Caso isso ocorra, esse pedido vai para a Câmara, que precisa autorizar sua continuidade, com voto de dois terços. Em caso de autorização, a denúncia vai ao STF -que, se aceitar a abertura de ação penal, leva ao afastamento automático do presidente por 180 dias, até uma solução sobre a condenação ou não do investigado.

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