O presidente Jair Bolsonaro afirmou em entrevista exclusiva ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, na noite desta quarta-feira (21) que não vai tomar a vacina chinesa desenvolvida pelo laboratório Sinovac. “Eu não tomo a vacina. Não interessa se tem uma ordem, seja de quem for, aqui no Brasil. Eu não vou tomar”, pontuou. Ele vetou, ainda, a possibilidade do país comprar as doses da Coronavac. “A [vacina] da China nós não compraremos. É decisão minha”, disse. Questionado sobre o motivo pelo qual decidiu vetar a compra, Bolsonaro justificou dizendo que falta credibilidade ao país. “Lamentavelmente já existe um descrédito muito grande [com a China], até porque, como muitos dizem, esse vírus teria nascido lá”, afirmou.
O presidente afirmou que não foi informado sobre a intenção do ministério em comprar as doses chinesas, mas disse ter conversado com Pazuello por mensagem e garantiu não ter atritos com ele. “Eu sou militar e o Pazuello também é. Nós sabemos que quando um chefe decide, um subordinado cumpre”, disse. Questionado sobre a possibilidade de trocar de ministro da Saúde, ele garantiu que o general continuará no cargo, “Sem problema nenhum, ele é meu amigo de muito tempo. Ele continuará ministro”, afirmou. Bolsonaro criticou, ainda, a fala do governador de São Paulo, João Doria, sobre a obrigatoriedade da imunização no estado. “Ele diz claramente que obrigará todos os 45 milhões de paulistas a tomar vacina. Isso é uma atitude completamente que não dá nem para discutir, né. Isso é uma coisa ditatorial. O ser humano tem direito de optar se ele vai tomar ou não o medicamento”, criticou.
O presidente afirmou acreditar que Judiciário não permitirá que os estados obriguem os moradores a se imunizar. “Eu acho que tudo tem um limite e tenho certeza que o poder judiciário não vai se manifestar nessa situação. Tenho conversado com muita gente em Brasília que dizem para mim que não tomariam a vacina chinesa porque não tem confiança na mesma”, frisou. Bolsonaro comentou também sobre a morte de um voluntário brasileiro que participava dos testes da vacina de Oxford. Perguntado sobre se o governo teria se desanimado com a notícia, o presidente afirmou que pessoas qualificadas investigam o caso. “Se for comprovado que foi um efeito colateral da vacina, isso pode até voltar quase à estaca zero do estudo, tudo é possível. Estamos correndo contra o tempo, mas com muita responsabilidade para não nos afobarmos, não nos apressarmos”, afirmou o presidente. Ele foi categórico ao dizer que as vacinas necessitam de comprovação científica e certificado da Anvisa antes de serem ofertadas à população.
“Tenho conversado com o almirante Eduardo Barra, que é o presidente da Anvisa neste momento. Ele disse que esse certificado demora”, afirmou, garantindo que “não vai ser de uma hora para a outra” que a imunização chegará à população brasileira. Bolsonaro disse que os números da Covid-19 no Brasil têm caído – nesta quarta, o país superou a marca de 155 mil mortes pela doença. “O que os números estão mostrando de óbitos? Não quero entrar em detalhes, não temos muita comprovação, mas tem muito óbito aí que é botado na conta do Covid. Tem caído o número, ou seja, a sinalização no Brasil é de que a pandemia praticamente está indo embora. Pode, quando aparecer a vacina daqui há um ano, dois, ou três, não ser necessário essa vacinação em massa porque outras doenças, até outros tipos de gripe, talvez, lá na frente, esteja até levando a óbito mais gente”, disse.
A polêmica envolvendo a compra das vacinas ocorreu após o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmar em reunião com governadores brasileiros a indicação de compra de 46 milhões de doses da Coronavac, vacina de tecnologia chinesa desenvolvida pelo Instituto Butantan, para fazer parte do programa de imunização nacional contra a Covid-19. Nesta quinta, o presidente e o secretário-executivo do Ministério da Educação negaram a afirmação. Bolsonaro chegou a afirmar que “o povo brasileiro não será cobaia de ninguém”.