O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se vendeu neste sábado (6) como “alternativa” ao Brasil e ignorou segundo Anna Virginia Balloussier, da Folha, um escândalo que dias antes levou sua casa a ser alvo de busca e apreensão da Polícia Federal.
Em um ato do PL Mulher em São Paulo e ao lado de Michelle Bolsonaro, ele começou dizendo que “hoje a palavra estará com as mulheres” e engatou uma fala de cinco minutos. Nada fora de seu script eleitoral em 2022.
Exaltou valores de praxe em sua oratória, da “defesa da família” ao “patriotismo”, e resgatou uma frase que frequentou muitos de seus discursos na campanha eleitoral: “Só a morte bota um ponto final nas nossas vidas. Enquanto ela não chegar, estaremos sempre à disposição para sermos uma alternativa para nosso Brasil”.
Bolsonaro creditou à pandemia e “à guerra lá fora”, referindo-se ao conflito entre Rússia e Ucrânia, por “quatro anos difíceis” na Presidência.
Falou em “números da economia invejáveis” e, ignorando o negacionismo que lhe fez desaconselhar medidas sanitárias e atrasar a compra de vacinas contra a Covid-19, afirmou que atacou “a questão do vírus”.
Nenhuma palavra sobre a acusação de fraude em seu cartão de vacina, no de sua filha e no de auxiliares, alvo de operação da PF nesta semana.
O evento serviu para empossar a deputada Rosana Valle no diretório paulista do PL Mulher, em cerimônia na Assembleia Legislativa do estado. Michelle comanda a aba nacional.
O casal Bolsonaro dividiu a mesa com outros quadros do partido, como seu presidente, Valdemar Costa Neto, e o senador Astronauta Marcos Pontes.
O governador Tarcisio de Freitas (Republicanos-SP), ex-ministro e aliado do Bolsonaro, esteve ausente.
Sobre a mesa, um gigante crucifixo com a imagem de Jesus, adorno da Casa Legislativa.
A claque era sobretudo feminina, com parte do público vestida de rosa e balançando balões rosas e lilás. Esses ficaram numa parte de trás, assistindo aos discursos por um telão e engrossando o coro de “mito” quando Bolsonaro era citado.