O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta última quarta-feira (31) o congelamento adicional de 1,4 bilhão de reais nos gastos do Executivo anunciado pelo governo, e disse que não teve escolha ou seria enquadrado na Lei de Responsabilidade Fiscal.
“Não é corte, é contingenciamento, tem uma diferença grande. Se eu não fizer isso, eu entro na Lei de Responsabilidade Fiscal, é pedalada, eu vou para o impeachment. Dá para entender? Eu não quero cortar ninguém. Sou um cara que não sou adepto a isso, mas um orçamento geralmente é superestimado”, afirmou o presidente em entrevista ao sair do Palácio da Alvorada para uma viagem a Anápolis (GO).
A equipe econômica divulgou na noite de terça-feira o detalhamento das áreas atingidas por mais esse contingenciamento. Os ministérios da Cidadania e Educação tiveram os maiores bloqueios, com 619,2 milhões de reais e 348,4 milhões de reais, respectivamente.
Na soma dos três contingenciamentos feitos este ano, os Ministérios da Educação e da Defesa tiveram os maiores bloqueios: 6,2 bilhões na Educação e 5,8 bilhões na Defesa.
Os bloqueios anteriores na área da educação –somados a declarações polêmicas do ministro da Economia, Abraham Weintraub, que chegou a dizer que os cortes seriam feitos nas universidades públicas que não controlassem a “balbúrdia” em seus campi– levaram às maiores manifestações contra o governo Bolsonaro até agora.
Questionado se não temia as críticas por mais um corte duro na área, Bolsonaro disse que precisava escolher entre a crítica e o impeachment.
“Entre uma crítica e o impeachment, quer que eu prefira o quê? Eu tenho que fazer uma opção, cara. E a opção, infelizmente, é essa. Ontem discuti novamente, um corte relativamente pequeno perto da monstruosidade do orçamento, vou ser obrigado a fazer. Tem uma lei e eu tenho que seguir a lei, não sou ditador, pô”, disse.
Juros
Bolsonaro disse também que torce para que a reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) na noite desta quarta decida por mais um corte na taxa Selic, mas que não vai tentar influenciar a decisão.
“Estou torcendo apenas que caia a taxa de juros. Cada 1 por cento da taxa de juros são 40 bilhões a mais que a gente gasta por ano”, afirmou.
“Eu estou torcendo, mas eu não vou influenciar lá. Eu não sou o Dilmo de calça comprida”, acrescentou, fazendo referência à ex-presidente Dilma Rousseff.